Python Brasil

Estive esta semana, com meus colegas Felipe Mobus e Marcio Silva, na 5a edição do Python Brasil, na cidade de Caxias do Sul, serra gaúcha. O evento foi organizado pela Associação Python Brasil e é o maior evento sobre a linguagem de programação no Brasil. É um evento itinerante e o Rio Grande do Sul o sediou pela primeira vez.

Foram três dias de palestras bastante técnicas e deu para aprender  coisas bem interessantes, clarear algumas dúvidas e conversar com bastante gente legal.

Um dos temas mais fortes no evento foi Django, como já era de se esperar. Django está em alta na comunidade Python, e certamente com muitos méritos. É um excelente framework e estamos estudando ele para adotar em alguns projetos na Propus. Seu ORM (Object-relational mapping) é sensacional, entre outras funcionalidades muito interessantes. Um dos criadores do Django, o americano Jacob Kaplan-Moss, esteva presente no evento e fez uma palestra muito interessante sobre desenvolvimento web. Para quem não conhece Django, vale a pena perder um pouquinho de tempo a ler a respeito.

Quem não pôde ficar de fora foi o super polêmico GIL (Global Interpreter Lock) do interpretador CPython. Parece que esse é o ponto mais negativo do Python (na verdade do CPython), uma vez que ele não permite que duas threads acessem a memória ao mesmo tempo, jogando assim no lixo todo o ganho de performance que um programa multi-thread poderia ter com máquinas multi processadas, o que é muito comum hoje em dia e já se mostrou ser o futuro mesmo. Enfim, isso é uma discussão tremenda e existe vários argumentos positivos e negativos em relação ao tão odiado GIL. Basta procurar por “Python GIL” no google e se divertir com o assunto. Tem muito pano pra manga.

Outro americano, Collin Winter, funcionário do Google, palestrou no evento também. Collin falou sobre o Unladen Swallow, um projeto do Google focado em otimizar o interpretador CPython. Eles criaram um fork do projeto CPython, mas a ideia é retornar todas as melhorias que eles puderem fazer ao projeto principal. Ele apresentou vários exemplos onde o interpretador é muito ineficiente e poderia ser melhorado. O Google possui muita coisa escrita em Python, uma vez que Python é uma de suas linguagens oficiais. Devido à grande escala do Google, eles têm todo o interesse em tornar o interpretador mais eficiente.

O keynote speaker do último dia foi o Gustavo Niemeyer, da Canonical. Ele fez uma palestra bastante interessante comparando friamente Python e Java. Existe uma certa rivalidade entre as duas linguagens, então é difícil encontrar boas comparações imparciais. Gostei do tom da palestra do Gustavo, que procurou ser muito imparcial. Ele fez várias provocações ao Python e defendeu que, para um projeto grande, com muitos desenvolvedores, Java parece ser a melhor opção, por ser mais organizado. A permissividade e alta flexibilidade do Python são indiscutivelmente fantásticas, porém isso pode atrapalhar quando a coisa cresce.

Enfim, foi um bom evento e certamente agregou muito. Sendo Python uma das linguagens oficiais na Propus, é de fundamental importância estarmos o mais sintonizados possível no que está acontecendo na comunidade em volta da linguagem. Mesmo ouvindo alguns pontos fortes de Java, vamos continuar programando muito em Python, porque colocando as duas linguagens na balança, Java fica pra trás, considerando as demandas que temos. Python é extremamente produtivo e sua flexibilidade é algo chave para a Propus, pois trabalhamos com projetos bastante específicos, e muitas vezes precisamos de uma interação muito íntima com outros sistemas e com o sistema operacional.

Uma das coisas que prezamos na Propus é que temos que ser profundos conhecedores das tecnologias envolvidas no nosso trabalho. Infelizmente vemos muita gente prestando serviço em áreas onde os técnicos têm um conhecimento muito superficial das coisas, e muitas vezes nenhum conhecimento teórico. Não é esse serviço que queremos vender. Somos incansáveis estudantes, primeiro porque gostamos muito do que fazemos, segundo porque queremos que nossos clientes se sintam à vontade de nos confiar alguma missão importante.