Viagem para Dallas, Texas, Estados Unidos

Como esta foi uma viagem rápida, vai dar para descrever tudo em apenas um relato. Então, para quem vem acompanhando meu blog, não vai ser um trabalho tão massivo de leitura como foi a última viagem, onde eu me superei escrevendo. 🙂

Desta vez, minha viagem começou com uma série de contra-tempos, que começou já no aeroporto em Porto Alegre, que por causa de um atraso no vôo da Tam para São Paulo (aeroporto internacional em Guarulhos), em efeito dominó eu perdi todas as minhas conexões.

Quando planejei esta viagem, eu supostamente estaria embarcando no sábado, dia 21 de outubro. Mas em função do casamento do meu primo Maurício no sábado à noite, transferi meu embarque para o domingo, pois meu compromisso em Dallas começaria de fato apenas na terça-feira. No casamento, fiquei sabendo que meu primo e sua recém esposa estariam viajando no mesmo vôo que eu para São Paulo, onde fariam uma conexão no dia seguinte para Santiago, no Chile, de lua de mel.

A primeira surpresa desta viagem me veio mesmo no sábado, quando fui conferir o status do vôo no site da American Airlines. Quando eu comprei minha passagem, o trecho São Paulo – Miami estava marcado para às 22h45. Quando olhei o status no site, o vôo tinha sido antecipado para 21h45, sem qualquer aviso tanto por parte da companhia quanto por parte da agência que eu comprei a passagem. Como meu vôo em Porto Alegre era às 19h30, chegando em São Paulo pouco antes das 21h, eu teria ainda alguns minutos para fazer a conexão, contanto que o vôo não atrasasse, claro.

Ao fazer o check-in em Porto Alegre, encontrei meu primo e sua esposa, onde fui informado que o vôo estaria com 30 minutos de atraso, o que me deixou já preocupado. No balcão, a atendente me informou que com certeza eu teria tempo para fazer a conexão e que eu não precisava me preocupar. Papo!

Resultado. O vôo decolou 20h30, com uma hora atraso. O comandante anunciou a chegada em São Paulo para às 21h45, um pouco mais rápido que o normal, pois teríamos preferência de aproximação no aeroporto em São Paulo, devido ao atraso. O vôo foi tranquilo, feito em um Airbus A320 bem novinho. Embora nublado todo o tempo, o trecho estava bem estável. Aterrissamos em São Paulo na pista 9L precisamente às 21h45, onde eu já estava apavorado, pois certamente não teria tempo de conectar. Vôos internacionais, ainda mais de companhias internacionais, quase nunca atrasam. E eles não esperam ninguém, claro, e estão certos, porque a maioria das pessoas fazem conexões no destino, e qualquer atraso gera um mega efeito dominó.

Pra piorar a situação, não havia finger disponível e estacionamos no pátio, o que demoraria ainda mais a minha chegada ao terminal. Quando desci do avião, o Boeing 777 que faria meu vôo para Miami já estava taxiando para decolagem. Senti que eu estava em problemas. E realmente estava.

Falei com um despachante da Tam e eles mandaram eu pegar minha bagagem e ir no balcão de check-in da própria Tam que eles iriam me reacomodar em outro vôo, ou da American, ou da própria Tam. 45 minutos esperando minha bagagem e nada. Eu já estava furioso. Voltei a falar com o despachante e estava difícil de localizar a minha bagagem. Me mandaram direto para o balcão para não atrasar ainda mais as coisas.

Ao chegar no balcão da Tam, uma puta duma fila de um vôo charter pra Buenos Aires. Pedi preferência no atendimento e uma atendente me passou à frente prontamente. Depois de muita verificação, ela conseguiu me reacomodar no vôo da própria Tam, 8090, que partiria pra Miami às 22h35. Fiz os cálculos rápidos, e vi que com esse vôo eu ainda teria tempo pra fazer minha conexão em Miami, então ok. Barganhei um upgrade pra classe executiva por causa da confusão, mas não fui feliz. As classes chiques já estavam lotadas. Depois de muita confusão, acharam minha mala e a mandaram para o avião.

Até aí eu já estava bem mais calmo, pois estaria voando num Airbus A330 novíssimo, e o serviço de bordo da Tam dá de 10 a 0 na American Airlines. Quando peguei meu ticket, já era 22h32 (3 minutos antes do vôo). A atendente mandou eu correr para entrar no avião o tempo. Saí voando pelo aeroporto, pedi prioridade na Polícia Federal para não perder tempo, e fui voando até o portão, quando avistei a fila do pessoal entrando. Bom, cheguei a tempo.

Aí começou minha dor de cabeça de novo, porque anunciaram que esse vôo também sairia com atraso. Comecei a me preocupar com a conexão em Miami. Embarcamos pouco antes das 23h. Deu gosto de ver aquele avião. Poucos meses de uso, com cheirinho de carro zero. O acabamento da Airbus é matador, deixando a Boeing no chinelo. Os acentos da classe executiva são quase uma cama. Quando cheguei no meu acento, um senhor americano sentado. Mostrei meu ticket pra ele, e ele me mostrou o seu ticket com o mesmo acento. Primeira coisa que me veio na cabeça: “só falta ter lotado o vôo e me tirarem do avião…”. Mas não, um atendente prontamente me colocou em outro assento, até melhor, na janela direita da aeronave.

Eu estava olhando para o relógio e me perguntando por que p*tas aquele avião não decolava. A Tam estava esperando as outras conexões no Brasil que estavam todas atrasadas. Em função do acidente com o avião da Gol, o controle de tráfego aéreo afastou oito controladores em Brasília para investigação, e os outros controladores resolveram fazer “operação padrão”, o que tem causado uma infinidade de atrasos em quase todos os vôos no país. Resultado: decolamos com quase duas horas de atraso, às 0h20.

O comandante pediu desculpas, claro, avisando que voaríamos um pouco mais rápido que o normal para compensar um pouco o atraso. De fato, fizemos o trecho em 7h45min, quase uma hora a menos que o normal. O vôo foi bem tranquilo, quase todo o tempo estável. Voamos as primeiras horas a 32.000 pés para queimar combustível, e depois a 36.000 até o destino, que é uma altura bem mais estável. Acompanhei os parâmetros de vôo na tela logo à frente do meu acento, que tinha disponível o sistema “air show”, com as informações em tempo real do vôo. Fantástico.

O jantar foi muito bom. Até para o pessoal do fundão (classe econômica, ou classe turística, como dizem os mais sutis) tinha três opções de janta: carne, frango e massa. Eu fui numa massa, que estava deliciosa, com uma bela salada e boa sobremesa. Fiquei pensando no banquete que estariam servindo nas classes primeira e executiva. Pelo o que deu espiar, estavam servindo até champagne na executiva. A Tam não brinca em serviço!

7h05 pousamos no Miami International Airport (MIA). Meu vôo para Dallas, com conexão em Tampa, seria às 8h10. Eu tinha quase certeza que ia perder o vôo, porque a imigração normalmente demora. Minha única sorte seria se o vôo estivesse atrasado, o que não é comum nos Estados Unidos. A imigração até me surpreendeu, porque foi bem rápido, diferentemente de Washington DC em agosto, que foi um parto. O oficial me atendeu rapidamente, olhou para meu passaporte e viu os carimbos das outras vezes que estive nos Estados Unidos, verificou no sistema se eu tinha sempre saído no tempo certo, e me liberou imediatamente, me dando uma permissão de seis meses de estada, o máximo permitido para o meu tipo de visto. Poderia ter ficado até abril de 2007.

Quando cheguei na TSA, onde fazem a verificação de bagagem e serviços aduaneiros, a oficial já me informou que eu perdera o vôo para Tampa, embora ainda não fosse 8h10. Mas eu não teria tempo de passar pela segurança de novo e chegar no portão de embarque a tempo. Com isso, ela me entregou minha mala e me mandou para o balcão da American para ser reacomodado em outro vôo. Puta que pariu, tudo de novo. Como a oferta de vôos nos EUA é absurdamente maior que no Brasil, fui tranquilo. Certamente conseguiria outro vôo para Dallas ainda naquela manhã, quem sabe até direto.

No balcão de check-in, a atendente começou a fazer umas caras estranhas (até engraçadas) ao procurar disponibilidade de vôos para Dallas, onde logo percebi que estava tudo cheio. Ela me conseguiu um vôo via Tampa que sairia de Miami às 11h50, chegando em Tampa 55 minutos mais tarde. O vôo de Tampa para Dallas seria só após às 14h, então tive tempo suficiente para almoçar em Tampa.

Chamaram o embarque para Dallas, entrei na fila, e quando entreguei meu ticket para a atendente, ela colocou o ticket numa maquineta que me barrou o acesso. Ela me disse que eu estava em “stand by”, o que significa que eu só embarcaria se tivesse vaga no vôo, porque o vôo estava completamente vendido. A atendente em Miami não me disse isso, claro. Aí eu me enfureci, porque foram completamente grossos comigo e disseram que se eu perdi a minha conexão na hora certa, eu tinha que esperar, como se fosse culpa minha. Eles iam tentar me embarcar no próximo vôo, que seria às 17h25, ou talvez no último vôo daquele dia, que seria às 18h40, mas não me deram certeza de nada, muito menos de que eu chegaria em Dallas naquele dia.

O vôo realmente estava lotado, então não tinha o que eu espernear. O negócio era esperar pelo próximo vôo, então tratei que a minha presença no próximo vôo fosse pelo menos confirmada. Entrei em contato com a minha agência de viagens em Porto Alegre, que tentou de tudo (dizem eles), mas não conseguiram fazer nada via Brasil. Liguei para a Tam, falei com várias pessoas diferentes e disseram que só a American poderia resolver isso. Quando os imbecis que me atenderam antes no embarque voltaram pra começar o embarque do próximo vôo, fui rápido no balcão para verificar se eu embarcaria. Novamente não me deram certeza de nada, então mandei chamar o supervisor. Eles sempre se borram de medo com isso. São uns babacas mesmo.

O supervisor chegou em seguida e foi bem atencioso comigo. Expliquei pra ele toda a situação, e ele finalmente concordou que não era culpa minha, e deu um jeito de me colocar no vôo das 17h25. Finalmente embarquei. Até o momento do push back (quando o trator empurra o avião pra trás), eu estava apreensivo, porque existem casos que eles “pedem” para alguém se retirar do avião e dar prioridade a outro passageiro. 17h25 em ponto decolamos para Dallas em um velho MD-80, bem parecido com os Fokker 100 da Tam. Bacana o aviãozinho até. Como as turbinas são na calda, ele é bem silencioso.

19h14 FINALMENTE cheguei no Dallas Fort Worth International Airport (DFW), um dos maiores aeroportos do mundo, operando 7 pistas simultaneamente. Logo na aproximação, já percebi a monstruosidade daquele aeroporto. Os procedimentos da aproximação são feitos a vários quilômetros do aeroporto, para que todos os aviões possam ser sequenciados em segurança. Pela aerovia que vínhamos, passamos por Dallas (o aeroporto fica a 40km à oeste de Dallas) pelo lado sul, onde deu pra ver bem a cidade, pois eu estava na janela direita. Como estava vento sul e as cinco pistas principais são exatamente norte-sul, entramos no procedimento de aproximação pelo lado leste do aeroporto, onde deu para ver o tamanho da encrenca nas janelas da esquerda. Passamos todo o aeroporto voando para norte, onde curvamos para a esquerda para interceptar o curso da nossa pista de aterrissagem. Percebi que as aterrissagens estavam sendo sequenciadas nas pistas do lado leste do aeroporto, e as decolagens do outro lado. Para onde se olhasse, era avião pra todo lado, impressionante. Pousamos tranquilamente naquele avião minúsculo em uma pista de mais de 4 km. Os freios sempre agradecem nessas situações. 🙂 Como o terminal de desembarque daquele vôo era o D, que fica do lado oeste do aeroporto, levamos pouco mais de 20 minutos (sim, quase meia hora) taxiando. Durante o táxi, fiquei observando o movimento. A escada de aviões na final de todas as pistas é incrível. Numa única foto, seria possível pegar uns 12 aviões no ar, no mínimo.

O terminal D do DFW é o terminal internacional, embora meu vôo fosse doméstico. Por ser o terminal internacional, é o mais bacana dos cinco terminais, embora todos sejam quase do mesmo tamanho. Logo que saí do avião, parecia que eu estava no shopping center, não numa sala de embarque. É comércio pra todo lado, de todo o tipo. Nesses aeroportos muito grandes, é muito comum as pessoas ficarem horas esperando por vôos, e como o americano é um povo consumista ao extremo, resulta nisso.

Quando cheguei na esteira para pegar minha bagagem, ela já estava havia horas aí, porque ela veio no vôo que eu não pude embarcar. Então foi super rápido, claro. Logo, chamei a empresa Super Shuttle, que é uma espécie de táxi compartilhado, em vans. Eles te entregam na porta em qualquer lugar junto com vários outros passageiros, e é MUITO mais barato que táxi, que custa uma fortuna nos EUA. A corrida até o hotel Westin Park Central, onde fiquei hospedado a semana toda, custou apenas US$ 18. Um táxi custaria talvez uns US$ 60, pela distância. Tudo em Dallas é loooooooooonge.

Cheguei no hotel pouco depois das 20h, morto de cansado. Como eram duas horas de diferença para Porto Alegre e considerando que eu fui para o aeroporto às 18h20, eu já estava havia 28 horas nessa jornada. Como nem pasta de dente se pode carregar na bagagem de mão, antes de tomar um belo banho, eu estava desesperado por escovar os dentes. No hotel foi tudo rápido. Logo me deram a chave (na verdade um cartão magnético) do quarto. E que quarto! Acho que nunca deitei num colchão tão confortável. Digno dos US$ 150 que eu paguei por dia naquele hotel. Escovei os dentes (que felicidade), tomei um booom banho e capotei na cama.

Na terça-feira de manhã começou a Astricon. Como na inscrição do evento estavam incluídas todas as alimentações, dispensei o café da manhã do hotel. No hall da conferência, tomei um copão de café Starbucks (que coisa boa!) e comi alguns salgados. Selecionei as atividades que me interessaram naquele dia e fui para os auditórios. Como o primeiro dia não estava tão proveitoso, de tarde peguei um táxi e fui na Fry’s Electronics, que é uma super mega store de eletrônica. Estive na Fry’s também em Fremont, California, em 2003. Fiquei várias horas lá vendo o que havia de interessante, mas comprei apenas alguns equipamentos de segurança para a Propus.

Voltei para o hotel, tomei um banho e subi na cobertura onde estava acontecendo a “festa” de abertura do evento, em um bar do hotel. Não pretendia ficar muito tempo, porque eu não conhecia ninguém, aí certamente iria me aborrecer rapidamente. No elevador, dois gringos ficaram surpresos de saber que eu tinha vindo de tão longe para o evento e ficamos conversando por várias horas sobre o mercado de telefonia no mundo todo. Foi um dos momentos mais proveitosos pra mim do evento, pois aprendi muita coisa sobre como funcionam as coisas nos outros países. Naturalmente eles ficaram impressionados com a estupidez que pagamos de telefonia no Brasil. Alí eles entenderam por que as grandes telecons se matavam a pau pra comprar companhias no Brasil na época da privatização. Nada poderia ser tão lucrativo.

Depois de algum tempo, já havia umas 10 pessoas na sala onde estávamos conversando, e todos entraram no papo. Todos estavam bem interessados no que eu tinha a falar, primeiro porque eu era o único de fora na roda, depois porque eles ficaram surpresos de saber o quão bom negócio é VoIP no Brasil e em outros países emergentes. Nos EUA VoIP é um bom negócio, claro, mas como a telefonia tradicional é relativamente barata (comparando com a nossa), o retorno de investimento de projetos de VoIP é bem mais longo, o que dificulta a vida desse setor. Aqui no Brasil é relativamente fácil de se fazer um grande projeto com um ROI na casa de menos de meio ano. Isso para os americanos é quase inacreditável.

Os outros dias na Astricon não houve nada de espetacular. Eu esperava bem mais da quarta-feira, que foi o dia dos tutoriais. Tutoriais, como o termo sugere, significa que o palestrante vai mostrar como fazer alguma coisa, e não mostrar que tal coisa é possível de ser feita. É bem típico de americanos de esconder o jogo de como fazer as coisas, e os tutoriais seguiram nessa linha. Naturalmente, todo mundo reclamou disso. Mas, algo sempre se aprende.

Na quinta-feira à noite, voltei ao aeroporto DFW para buscar meu amigo James McQuillan, que se deslocou de Detroit a Dallas para me visitar e comer um bom churrasco brasileiro. Dois meses antes, passei uma semana bem bacana na casa dele, um convite que eu já estava devendo havia alguns anos. Saímos do aeroporto direto para a churrascaria Boi na Braza, que fica muito perto do aeroporto, na cidadezinha de Grapevine. Vi bastante brasileiros por aí e até escutei um “parabéns pra você” em português, de uma turma de brasileiros que estava em outra mesa comemorando o aniversário de alguém. É indescritível a felicidade do James em uma churrascaria. Como ele mesmo diz, é impossível contar para os amigos a experiência. 🙂

Voltamos para o aeroporto para buscar o carro que ele havia reservado. Não pegamos antes porque a churrascaria fechava às 22h, então não daria tempo. Como já tinha visto em San Francisco, alugar carro nos EUA é muito prático. Como ele tinha reserva, chegamos na MEGA garagem reservada para esse fim, onde o nome dele estava no painel indicando a vaga na garagem onde estaria o carro. Pegamos o carro e na saída do estacionamento que os funcionários verificam os papéis. Tudo muito rápido. O nosso carro foi um Cadillac banheirão fantástico, motorzão V8, puta luxo por dentro. Fiquei encantado com a parafernalha eletrônica do carro, mesmo sendo um famoso “carro de velho”.

Na sexta-feira, assistimos a palestra do Mark Spencer, criador do Asterisk. Esperávamos mais da palestra. E imagino que todo mundo esperava também, pois a sala estava lotada para vê-lo. O cara é bem gurizão, excelente programador sem dúvida, mas não tem tato para falar em público, então decepcionou muita gente.

À noite, fomos jantar na nossa churrascaria preferida, a Fogo de Chão, que fica na cidadezinha de Addison, colada a Dallas. Em agosto estive na Fogo de Chão de Chicago, com toda a família de James. Em abril, quando ele estava em Porto Alegre, fomos na Fogo de Chão pioneira, onde a marca começou. Tivemos uma grande janta com um excelente atendimento padrão brasileiro. Dava para ver na cara de todo mundo no restaurante a felicidade de comer tanta comida boa e sem limite. Não é nada comum nos EUA rodízio ou buffet livre. Além daquela comida toda, tomamos uma boa caipirinha que só nós brasileiros sabemos fazer.

Nos EUA normalmente se come muita porcaria, porque comida boa é muito cara. Mas felizmente desta vez comi muito bem. O almoço do evento foi sempre no Hotel Sheraton, muito bem servido e com um bom cuidado nutricional. Sempre serviram uma excelente salada antes, seguido de um prato bom normalmente acompanhado de filet mignon e então sobremesa. Nada de porcaria, ou junk food, como eles mesmo falam.

O evento acabou na sexta-feira, então tínhamos todo o sábado livre. Como em Dallas não há NADA o que fazer, tínhamos realmente bastante tempo livre. Dormimos bastante e descemos pouco antes do meio-dia para fazer check out no hotel. Fomos na CompUSA, onde eu tinha que comprar algumas coisinhas pra trazer. Não me interessei por nada demais. Comprei apenas um fone bluetooth (sem fio) para o celular, que é bem interessante, principalmente para usar no carro.

A única coisa interessante para fazer em Dallas seria visitar o 6th Floor Museum, que foi onde o presidente John Fitzgerald Kennedy foi assassinado em 22 de novembro 1963. Kennedy foi assassinado quando estava andando em carro aberto no centro da cidade. O tiro partiu do sexto andar do Texas School Book Depository, que mais tarde virou o “museu sexto andar”. Todo o sexto andar foi reservado para o museu, que é bem interessante e conta a história toda. Na verdade, existem muitas dúvidas no mundo todo sobre essa história. Existem várias conspirações sobre o assassinato dele, embora o fato mais acreditado é o que é contado no museu e que o mundo todo conhece. A visita vale a pena, principalmente porque mostra a série de turbulências que podem acontecer no mundo no evento da morte do presidente dos Estados Unidos, seja ele quem for. Sem dúvida, esse é o cargo mais importante do mundo hoje em dia.

A caminho do aeroporto, comemos uma pizza, pois não tínhamos almoçado. Chegamos no aeroporto 16h30 e entregamos o carro. O meu vôo para São Paulo partiria do terminal D às 19h45 (vôo direto). O James foi para o terminal E, onde embarcaria em seguida para Detroit. Me despedi dele e pegamos cada um seu respectivo ônibus que transporta as pessoas da área de aluguel de carros até os terminais, que é bem longinho até. Como faltavam vária horas para o meu embarque, não havia quase ninguém na fila do check in. Rapidamente eu já tinha o meu cartão de embarque e o vôo estava confirmado e no horário certo. Passei pelo check point de segurança e fui para a área de embarque, que conforme comentei antes, parece um baita shopping center.

Tomei um frapuccino (café gelado, tipo milk shake) no Starbucks e comprei umas revistas de carros para o meu pai. Me sentei próximo ao meu portão de embarque e fiquei na Internet até a hora do embarque. 19h05 chamaram para o embarque, onde vi que o vôo estava quase lotado. 19h45 em ponto deixamos o portão e logo em seguida já decolamos. O vôo foi bem tranquilo, embora num Boeing 767 antigo que nem tinha monitor em cada acento, o que para mim é chato, porque não consigo dormir muito. Então passei parte do vôo escrevendo este relato e conversando com uma senhora mineira que estava voltando da China com a família, numa viagem a passeio. 8h05 tocamos a pista do aeroporto em São Paulo, depois de 10h20min de vôo. Eu já estava todo torto.

Meu vôo para Porto Alegre seria só às 14h30, e para piorar, o vôo partiria do aeroporto de Congonhas, então eu teria que trocar de aeroporto ainda. Nesse meio tempo, ainda teria que justificar o meu voto, pois não chegaria a tempo de votar em Porto Alegre. Felizmente, é possível justificar voto em todos os grandes aeroportos do Brasil, o que facilitou muito a vida dos viajantes.

Mais uma vez, chegou o momento maior de apreensão: Receita Federal. Novamente eu vinha trazendo mais de os US$ 500 permitidos para não pagar imposto de importação. Como eu não estava nem um pouco afim de dar dinheiro de presente pra este governo de merda, que só nos suga, fui pra loteria (fila nada a declarar). Como foi em agosto, um cara recolhendo os papéis e liberando todo mundo. Que alívio! Mas não pensem que é sempre assim. Em duas ocasiões quando entrei no Brasil, passei por pente fino. A coisa realmente é loteria. Se te pegarem, 100% de multa sobre tudo o que exceder US$ 500. A porrada é forte.

A primeira coisa que fiz antes de mudar de aeroporto foi tentar pegar um vôo pra Porto Alegre partindo daquele aeroporto. Quando olhei para o painel, vi que o vôo das 7h50 estava atrasado e previsto para às 10h40, então havia a possibilidade de haver vaga nesse vôo. Fui rápido na loja da Tam, onde felizmente eu consegui vaga, e nem precisei pagar nada. 11h decolamos para Porto Alegre, num vôo que estava a mais de três horas atrasado, com todo mundo indignado. O azar de uns as vezes é a felicidade de outros. 🙂

12h25 avistei o centro de Porto Alegre do alto e novamente senti aquela felicidade de estar de volta em casa. Minha felicidade acabou logo no momento do desembarque. Minha mala desapareceu. Com toda aquela confusão de atraso em todos os vôos no país (eu cheguei bem nos dias da grande confusão), minha mala acabou ficando no aeroporto. Preenchi um formulário da Tam e me prometeram que em duas horas minha mala seria entregue na minha casa. Fui para casa meio desacreditado, mas não havia muito o que fazer.

Cheguei em casa e em seguida fui votar. De meia em meia hora eu ligava para o aeroporto para saber da minha mala que nunca chegava. Ninguém me atendia, só um maldito sinal de fax. Consegui mais tarde falar com uma atendente da Tam, super grossa, que me disse que não era só eu que estava passando por isso. Eles tinham perdido mais 40 malas. Aí fiquei de cara e fui direto pro aeroporto. No meio de um monte de malas, felizmente achei a minha, que estava intacta. Minha maior preocupação era com os eletrônicos que eu estava trazendo.

E assim terminou mais uma viagem, bem conturbada, diga-se de passagem. Nossa aviação no Brasil está precisando de uma bela reformulada. Quatro dias depois de chegar em Porto Alegre, já viajei de novo pra São Paulo, de onde estou escrevendo agora. Novamente, muita confusão com os atrasos e muita indignação nos aeroportos do país. Infelizmente, tudo no Brasil precisa chegar em estado de calamidade para que os políticos vagabundos mexam suas bundas da cadeira.

Chegando aqui em São Paulo, já fiquei sabendo que descobriram um “belo” escândalo de corrupção nas obras do aeroporto de Congonhas, o que além de sugar nosso dinheiro, atrasa mais e mais a modernização da infra-estrutura do país. Ninguém merece!

Por favor, políticos corruptos vagabundos, invistam bastante em educação, para que a nova geração seja bem diferente de vocês e faça algo de útil. Espero ainda estar vivo para ver dias melhores.