Já não posso mais considerar Manaus como uma viagem que mereça um post, porque venho aqui com certa freqüência, e a tendência é que eu venha ainda mais. Tampouco posso desprezar como viagem, afinal estou a mais de 3000 km de casa, e de certa forma, é sempre um prazer visitar esta bela cidade.
Sempre que vim aqui, o motivo da viagem foi a trabalho, e desta vez não foi diferente. Porém, entre as estadas sempre se consegue um tempinho para fazer alguma coisa diferente de trabalhar. Afinal, aqui o que não falta é coisa pra fazer.
A primeira vez que estive por aqui foi em janeiro de 2004. Nessa ocasião, fiquei por quase um mês e tive a oportunidade de conhecer alguma coisa aqui na volta. Pra começar, Manaus está disposta no meio da maior floresta tropical do mundo, na costa do magnífico Rio Negro, que faz parte da maior bacia hidrográfica do mundo. O que não falta por aqui é água e árvore, isso sem falar de toda a riqueza biológica que isso proporciona. Para quem curte natureza, eu arriscaria dizer que é o melhor lugar para se visitar no Brasil. Qualquer pessoa fica impressionada com a riqueza natural que cerca esta cidade.
O mais interessante para mim é analisar a cultura do local. É incrível ver a harmonia que as pessoas têm com as águas, especialmente as famílias que vivem na beira dos rios e afluentes, as chamadas comunidades ribeirinhas. Embora Manaus seja uma grande cidade, com mais de um milhão de habitantes, o resto do Amazonas é formado por comunidades, muitas delas bem pequenas. É bem comum ver comunidades indígenas inclusive. Assim como Manaus, praticamente todas as outras cidades só são acessíveis por mar ou ar. A única estrada decente aqui é a que liga Manaus à Boa Vista, em Roraima, seguindo para a Venezuela. Talvez essa seja uma das razões de o Amazonas ser tão “deslocado” socialmente do resto do Brasil. Por outro lado, talvez seja justamente essa a razão de esse estado, e seu povo, serem tão especiais.
Muita gente deve ter uma imagem desta cidade como uma cidade pobre como as do nordeste brasileiro, no meio da selva, com pouca atividade econômica. Pois não! Está aqui o maior parque industrial brasileiro. Estou certo de que alguma coisa, e provavelmente mais de uma, na sua casa tenha sido fabricada na “Zona Franca de Manaus”, hoje chamado como Pólo Industrial de Manaus. A zona franca foi criada em 1967 para incentivar o crescimento desta região, através de fortes incentivos fiscais para o setor industrial. Com isso, se formou uma grande cidade com uma grande variedade de multi-nacionais empregando muita gente e colocando muito dinheiro na economia local. Manaus hoje está com quase 1,7 milhões de habitantes, não possui periferia, nada de cidades satélites, quase não há favelas, desemprego muito baixo. Resultado: é a quarta cidade mais rica do Brasil e o terceiro maior PIB per capita.
Infelizmente, o Brasil sabe pouco sobre esta região, muito por culpa da imprensa, que foca seus holofotes na região Sudeste. Certamente poucas pessoas sabem da cultura do Boi Bumbá por aqui, com o seu sensacional Festival de Parintins. É uma das festas mais lindas do Brasil, com uma forte ligação folclórica e cultural, diferentemente do carnaval carioca, que virou um mega-espetáculo televisivo com claro interesse comercial da grande mídia.
Certamente todo o lugar tem o seu encanto, coisa que jamais pode ser plenamente passado pela televisão. Eu conheço todas as regiões do Brasil (ainda não todos os estados), e posso afirmar que este foi um dos lugares que mais me surpreendeu, seja pela natureza exuberante, pela história ou pela sua gente.
Um bom artigo sobre Manaus pode ser lido na Wikipedia. Na viagem de 2004, tirei várias fotos da região.
Se você tiver alguma oportunidade, não perca tempo. Venha visitar!