Quantas vidas vão ser perdidas tragicamente até que este país ponha a mão na consciência? Mais um acidente aéreo, desta vez anunciado, esperado, no aeroporto mais movimentado do país, com uma infra-estrutura ridícula, que deveria operar no máximo com teco-tecos.
Há muito tempo aviões estão aquaplanando. O Estado acabou de gastar R$ 19 milhões, 75% provavelmente desviado, para supostamente resolver esse problema. 14 dias mais tarde, na primeira chuva, um avião aquaplana. Por sorte, não era um jato pesado. Um dia mais, o esperado acontece. O vôo da Tam 3054, que saiu de Porto Alegre para Congonhas, operado pelo Airbus A320-233 PR-MBK, 176 pessoas a bordo, não conseguiu frear a tempo. Chovia bastante em São Paulo no momento.
Muito provavelmente ninguém sobreviveu no avião, pelo perfil do acidente. Certamente houveram vítimas em solo, pois havia bastante gente trabalhando na loja da Tam Express e no posto Shell ao lado da loja, onde o avião se chocou, na Av. Washington Luís.
Bastante gente me procurou para saber se eu estava vivo. Sim, estou! Ultimamente eu tenho feito exatamente esse trecho, nesse mesmo avião e nessa mesma companhia pelo menos duas vezes por mês. Há 13 dias, eu estava aí no local do acidente. Agradeço aos que se preocuparam comigo ao saberem do acidente.
Eu sempre tive um pouco de receio desse aeroporto. A pista é extremamente curta (1900 metros) para esse tipo de aeronave. Nas duas cabeceiras (17 e 35) há grandes avenidas. Dá calafrio de olhar o quão perto passam essas avenidas. Inacreditável. Há algumas semanas eu comentei aqui neste blog sobre um pouso apertado que o vôo que eu vinha de Brasília fez nesse aeroporto. A pista estava cheia de água. Isso foi exatamente um dia antes do fechamento para a suposta “obra”.
Me sinto profundamente triste por todas as pessoas que perderam suas vidas, assim como pelo sofrimento de seus entes. Poderia ter sido eu, você, qualquer pessoa naquela aeronave. E me sinto muito indignado por saber que tudo isso está acontecendo, assim como o acidente com a aeronave da Gol, por pura, pura negligência das autoridades.
Ideologicamente, eu sou contra privatizações. Mas diante desta barbárie que está o Estado Brasileiro, é melhor passar o controle das coisas pra iniciativa privada. Custa mais caro, mas pelo menos funciona.