Dia 16, nosso segundo dia em Cusco, tínhamos a obrigação de acertar a ida à Machu Picchu. O tal agente de turismo ficou de ligar e não ligou. Liguei para o cara e a mesma enrolação, então decidimos desistir e procurar uma alternativa pela Plaza de Armas mesmo. Basta você pôr seus pés na Plaza de Armas para uma multidão de agentes de turismo pular sobre você, oferecendo todos os pacotes turísticos possíveis. Pegamos alguns papeizinhos para ver as opções. Na verdade era tudo igual e fizemos a escolha de forma muito racional, pelo uni-duni-te.
Chegamos na agência do Sr. Fabian, velhinho peruano muito gente boa e super atencioso. Explicamos a situação, que tínhamos os dias contados e tal e analisamos as possibilidades. Ele comentou o que já sabíamos, que o mais complicado era ter o ticket de trem. Tendo isso em mãos, o resto seria barbada. A PeruRail só vende tickets sem intermediários, então tomamos um táxi e fomos para a estação ver o que havia. Conseguimos vaga no trem de partiria de Ollantaytambo (13°15’47.30″S, 72°16’10.49″W) no domingo às 8h30, chegando em Machu Picchu Pueblo (Aguas Calientes – 13° 9’18.53″S, 72°31’27.05″W) antes do meio-dia. Não havia volta no mesmo dia, então conseguimos vaga no trem que partiria de lá segunda-feira às 5h30 na manhã para Ollantaytambo. No início do nosso planejamento da viagem, consideramos a hipótese de dormir em Machu Picchu Pueblo nesse dia, então Tatiana já tinha uma reserva num hotel lá. 🙂 Finalmente resolvemos o principal problema, que era o do trem. Voltamos ao Sr. Fabian com os tickets em mão para acertar o resto dos detalhes.
A grande maioria dos trens para Machu Picchu parte de Ollantaytambo, e não de Cusco. Ollantaytambo está a 2800 metros de altitude e Cusco a 3400 metros. Essa descida é muito lenta de trem, então há poucas frequências por dia. O melhor é ir de carro até Ollantaytambo, que é onde termina a estrada. Daí em diante, não existe outra alternativa que não trem. Como o caminho é mais plano até Machu Picchu Pueblo (2400 metros), há mais frequências diárias nesse trecho.
Montamos o seguinte pacote então com o Sr. Fabian: ida de táxi de Cusco a Ollantaytambo, ticket do ônibus para subir e descer de Machu Picchu, guia turístico em Machu Picchu, volta de táxi na segunda-feira de Ollantaytambo a Cusco fazendo todo o Vale Sagrado dos Incas de forma reversa. O motorista do táxi seria um guia turístico habilitado. O pacotão todo saiu uns US$ 310,00 pra nós dois, já com as taxas de entrada a Machu Picchu, que é US$ 45,00 por cabeça. Facada! O trem ida-e-volta pra nós dois ficou US$ 182,00, super facada também!! Com isso tudo resolvido, ficamos bem mais aliviados. Seria o fim da picada ir ao Peru, ir a Cusco e não ir a Machu Picchu por causa de um detalhe. Mesmo sabendo que vou voltar lá outras vezes, não queria perder esta oportunidade.
Como tínhamos praticamente todo o sábado livre, compramos um city tour de ônibus para conhecer mais a região ao redor de Cusco. Se você for a Cusco, não menospreze um city tour. É super barato, como US$ 15,00, e vale muito a pena. Infelizmente, muita gente acha que o Peru, especialmente a região de Cusco, é só Machu Picchu. Tem muito mais coisas fantásticas pra conhecer. No final dos relatos, eu falo melhor sobre isso e a minha opinião.
A primeira parada do tour foi no Qorikancha – Templo do Sol (13°31’12.69″S, 71°58’32.42″W), que na época Inca foi o templo mais importante da cidade de Cusco. Depois da chegada dos Espanhóis, eles construíram o Convento de Santo Domingo sobre o templo. Legal o lugar, mas nada demais.
O destino seguinte foi Saqsaywaman (13°30’27.84″S, 71°59’0.01″W), que foi uma fortaleza cerimonial dos Incas, construída no século XV. O lugar é todo feito tradicionalmente com pedra sobre pedra, sem nenhum tipo de rejunte. É assustador a perfeição do encaixe das pedras, ao ponto de não entrar uma simples agulha entre elas. A técnica de corte e polimento das pedras pelos Incas é impressionante. Clique na foto ao lado o observe bem os encaixes e o tamanho delas, sempre levando em consideração que isso foi feito há mais de 500 anos. Os guindastes foram criados bem depois disso. Há um artigo na Wikipedia bem interessante sobre o lugar.
Na sequência, fomos ao Q’enqo (13°30’31.70″S, 71°58’14.30″W), que foi um anfiteatro Inca, também usado para armazenar a Chicha, que é uma famosa bebida fermentada feita de milho, muito boa, muito servida até os dias de hoje.
Seguimos então até Tambomachay (13°28’51.27″S, 71°57’52.71″W), que é um sítio arqueológico que foi destinado ao culto da água, onde os Incas tomavam seus banhos sagrados em fontes de água que descem dos picos nevados. O mais interessante é que as fontes estão funcionando perfeitamente até hoje. O complexo é feito de vários canais de água. Há um certo canal sagrado que se divide em outros dois secundários, os quais jorram precisamente o mesmo fluxo de água. Coloque um copo em cada e eles vão se encher exatamente ao mesmo tempo. Tambomachay foi o ponto mais alto de toda a nossa viagem ao Peru, onde atingimos 3800 metros acima do nível do mar.
Na volta ao centro de Cusco, paramos para ver uma vista bonita logo após o pôr do sol. Eu estava observando as montanhas ao redor, quando milagrosamente, olha quem vinha por trás delas, a Lua Cheia. De arrepiar!! Algumas pessoas não acreditaram no que estavam vendo. Seguramente uma das visões mais lindas que eu já vi na minha vida. São coisas que só a natureza pode proporcionar.
Chegamos no hotel bastante cansados, jantamos e dormimos cedo. 5h30 da manhã de domingo o taxista passaria no hotel para nos apanhar e seguir até Ollantaytambo, assunto do próximo post.
Saludos!