Os últimos meses têm sido de uma correria ímpar, emendando viagens e vários projetos. Embora costuma-se dizer que isso é um “bom problema”, eu me incomodo com isso de alguma forma, pois a quantidade de trabalho é inversamente proporcional à qualidade do mesmo. No meio dessa confusão, consegui tirar 4 dias (feriado de independência) de descanso e fomos Luana e eu para o Rio de Janeiro.
A ideia inicial era Buenos Aires, mas quando fomos comprar passagens, estava tudo ocupado em todas as companhias. Eu já conhecia bem o Rio de Janeiro, mas a Luana esteve lá apenas em passagens rápidas, então escolhemos ir para lá. Para mim, é sempre um prazer estar no Rio.
Voamos de Tam direto para o Galeão (ou Tom Jobim). Porto Alegre estava debaixo de uma frente fria. Decolamos com chuva e só conseguimos avistar terra lá por Santa Catarina. Daí em frente, só céu de brigadeiro. Pousamos no Rio 1h45min mais tarde com uma noite muito bonita.
Eu gosto muito de ter liberdade de andar por todo lado em alguma cidade, então alugamos um carro já no aeroporto. Pegamos um Celta 1.0 com ar condicionado, que muito me impressionou pela disposição do motor, mesmo com ar ligado. Alguns minutos de readaptação à embreagem e câmbio manual e logo já estávamos na Linha Vermelha em direção ao centro da cidade, onde nos hospedamos.
Eu não recomendo alguém alugar carro no Rio se não conhece a cidade, ou pelo menos não tem noção de onde anda. A cidade tem muitos quilômetros de via expressa, e se você erra uma saída ou bifurcação, é uma complicação tremenda, pois não se pode retornar em vias expressas. A sinalização deixa muito a desejar. Além disso, sempre existe o risco de entrar onde não se deve. Diferente de muitas cidades brasileiras, o Rio não tem periferia. As áreas mais perigosas estão simplesmente no meio de tudo. Eu conheço bem a cidade e mesmo com auxílio de GPS e da Luana como minha “navegadora” (muito boa, por sinal), erramos algumas saídas e andamos muitos quilômetros para corrigir o trajeto. De certa forma, eu adoro “me perder”, pois é uma ótima oportunidade para conhecer outros cantos da cidade. 🙂
Tentamos hotel nas praias, mas as diárias estavam pelo menos o dobro de qualquer hotel bom no centro, então optamos pelo centro mesmo, pois estando de carro, qualquer lugar está bom. Nos hospedamos no Ibis da rua Silva Jardim, a poucos metros da Petrobrás, BNDES, catedral, etc.
Deixamos a bagagem no hotel e logo saímos pra jantar em Copacabana, onde há vários restaurantes ótimos da beira da praia, a maioria com preços bem atrativos. Embora o Rio seja uma cidade muito turística, é uma cidade relativamente barata de se comer. Comemos bem todos os dias, e raramente gastamos mais de R$ 50,00 por pessoa em uma refeição.
No sábado estava um dia muito bonito, sol forte, ar seco e temperatura caminhando para mais de 30 graus, o que não é comum para esta época. Típico sintoma de pré-frontal de frente fria, que vinha se aproximando do sul. Quando saímos na rua de manhã, nossos olhos foram atacados imediatamente pela fumaça que cobre praticamente o Brasil inteiro, menos a região sul. O ar seco permite facilmente que partículas sólidas fiquem em suspensão no ar, logo fumaça e ar seco não é uma combinação agradável nunca. Fomos direto para uma farmácia comprar colírios fortes para alergia, o que ajudou muito.
Minha ideia inicial era subir no Corcovado no final da tarde, para conseguir fotografar a cidade de cima ao anoitecer. Porém, o ar estava tão seco e com a ajuda da fumaça, uma névoa seca espessa se formou sobre a cidade, dificultando muito a visibilidade, o que iria destruir as fotos.
No sábado à tarde fomos assistir o espetáculo Os Saltimbancos, de Chico Buarque, no Canecão. Muito bonito. Eu tinha outra imagem do Canecão, achei que fosse a la teatro. Mas não, o local é cheio de mesas e você compra lugares nas mesas. Boemia total. 🙂
No domingo, a frente fria que vinha do sul começou a mostrar seus sinais, com várias nuvens com base na volta de 450 metros. O Corcovado tem uns 700 metros de altura, então sem chance de novo. Segunda-feira e nada de o tempo melhorar. Várias nuvens esparsas com base baixa. Decidimos subir mesmo assim.
Antigamente era possível subir de carro até o topo do Corcovado. O acesso foi fechado a veículos particulares. O trajeto é feito por vans credenciadas a partir da estrada das Paineiras, onde tem um estacionamento. O visitante paga R$ 24,00 pela viagem de ida e volta, já com o ingresso de acesso ao Cristo. Outra alternativa é subir no trem que parte do Cosme Velho, que custa R$ 36,00 por pessoa. Optamos por subir de carro, pois parecia mais divertido.
Como pode ser visto na foto ao lado, a visibilidade estava um horror. Como não estava totalmente encoberto, dava para ver a cidade em alguns lapsos, entre uma nuvem e outra. Estar dentro de uma nuvem com temperatura abaixo de 20 graus é algo bastante desagradável. Mesmo sem precipitar você se molha bastante. Almoçamos lá em cima em um restaurante muito simpático, aguardando uma possível melhora do tempo. Que nada, só piorava e já estávamos com muito frio, então desistimos e descemos.
Como a lei de Murphy está presente em todo lado, à noite o tempo ficou muito bonito, sem nenhuma nuvem na volta do Corcovado. As fotos a seguir foram tomadas nessa noite a partir da Lagoa Rodrigo de Freitas, com uma excelente visibilidade.
Pelo menos ficou um pretexto para voltarmos ao Rio. Já fiz vários fotos legais a partir do Cristo Redentor ao dia, mas não tenho nada à noite. Como sou um grande fã de fotos noturnas e para mim a vista a partir do Cristo é a mais impressionante que já vi na vida, muito quero fazer umas noturnas legais de lá. Tenho algumas críticas para a minha Canon EOS Rebel XTi, mas para noturnas ela é impressionante. Outro belo exemplo:
No último dia o tempo continuava a mesma coisa, mas como era o último dia, pegamos o bondinho até a Urca e o Pão de Açúcar. Desde o morro da Urca dava para ver bem a cidade até, mas quando subimos até o Pão de Açúcar, a coisa estava tal qual no Corcovado. Num lapso de poucos segundos, consegui a foto ao lado.
A Luana fez bem mais fotos que eu, que podem ser vistas em seu Picasa. Ela fez alguns posts em seu blog também.
Uma coisa que me chamou bastante a atenção na cidade foi a sensação de segurança. O policiamento na área turística está bastante ostensivo, principalmente nas praias. Nos sentimos bastante tranquilos caminhando de noite na praia com tripé e câmera. Ouvi falar lá que as UPPs (unidade de polícia pacificadora) estão funcionando bastante nas comunidades onde eles entraram e tiraram o controle do narcotráfico. Diferente das incursões que a polícia fazia, subindo o morro, prendendo meia dúzia e indo embora, com a UPP é muito diferente. Eles sobem, instalam base e ficam por tempo indeterminado. As pesquisas eleitorais para governador lá mostram que o povo está aprovando o atual governador Sergio Cabral e seu governo, que deve se reeleger já em primeiro turno.
Infelizmente a imprensa brasileira massacra muito o Rio. A geografia do Rio de Janeiro propicia que a imprensa, e toda a população, percebam muito mais a violência do que em cidades onde as zonas com maiores índices de violência estão nas periferias da cidade, longe da imprensa, de turistas, etc. Não quero dizer que é uma cidade segura, pois está muito longe disso, mas também não é o inferno mostrado pela imprensa sensacionalista.
Resumindo, não deixe de conhecer o Rio. Seguramente é a cidade mais bonita do mundo em aspectos naturais. Em que outra cidade você vai encontrar belas praias, elevações que batem a marca de 1000 metros formando desenhos magníficos na paisagem, lagoas, uma floresta tropical imensa, uma baía gigante, etc, etc? Para quem visita a cidade, é difícil acreditar que isso tudo é natural. É beleza demais por metro quadrado.
Quatro dias não é nada para descansar, mas valeu a pena. Deu uma recarregada nas baterias. Muito trabalho pela frente ainda.