Na quinta-feira, dia 7, nossa primeira atividade foi visitar a Cidade Proibida, que fica encravada no centrão de Beijing, muito perto de nosso hotel.
A Cidade Proibida é um complexo imenso, ocupando uma área de 72 hectares. O complexo possui 980 prédios e começou a ser construído em 1406, para servir aos imperadores e seus achegados. Hoje em dia é usado como atração turística. Tudo é muito bem conservado. O local assusta pela sua imponência, riqueza de detalhes e beleza. É da Cidade Proibida que vem essa clássica arquitetura chinesa, facilmente reconhecida pelo modelo do telhado das construções.
O lugar é tão grande que é fácil perder horas aí dentro. Chega um momento que tudo parece igual, pois as construções são de certa forma semelhantes. Ficamos um pouco mais de duas horas aí e ainda faltou bastante coisa para ver.
Não vou falar sobre a história do local pois existe muita literatura sobre isso na Internet.
Veja o álbum de fotos da Cidade Proibida. Várias fotos interessantes.
Uma das coisas mais notáveis na China são os vendedores de rua. Eles atacam querendo vender de tudo, especialmente falsificações de tudo, e não sossegam enquanto não há negócio. A ordem geral no país é barganhar, e barganhar muito. Um diálogo comum seria:
- Ambulante: Ei ei, olha isto, baratinho, 500, 500…
- Você: não, não, obrigado…
- A: compra, compra, quanto você quer pagar?
- V: ok, pago 20…
- A: 100, 100…
- V: não, 25…
- A: ok, 50, negócio fechado…
- V: ok, 50…
Na cultura brasileira a gente até barganha, mas qualquer 10-15% já é visto como um bom desconto. Lá o desconto normal nesse tipo de situação pode chegar a 80-90%, o que é um absurdo. No início você se sente um explorador sem escrúpulos, mas depois, pensando bem, você vê que eles são tão exploradores quanto. Se eles te oferecem algo por 500 e fecham por 50, certamente o custo foi 10. Tirando a tirania da situação, você se diverte muito comprando, porque toda a negociação é levada com uma boa dose de humor.
Na foto ao lado dá para se ter uma ideia das abordagens. A senhora queria me vender uma bolsa por RMB 120. Comprei 5 bolsas por RMB 50. Depois ouvi o pessoal comentando que tinha comprado 5 por RMB 35. Jogo duro. O mais engraçado foi quando ela descobriu que o grupo era brasileiro, começou a falar italiano enlouquecida, “cinque per cinquanta, cinque per cinquanta, cinque per cinquanta”. Maluca. 🙂
Nesse dia, fomos almoçar no Quanjude Roast Duck Restaurant, um dos restaurantes mais famosos e tradicionais da capital. Fomos comer o prato mais tradicional de Beijing, o pato laqueado (roast duck), que consiste em se comer apenas a pele do pato, que é extremamente nutritiva. O resto do pato não é aproveitado, pois são patos muito gordos.
O restaurante é deslumbrante! Você entra e fica abobado olhando para todos os lados. São vários andares, várias salas reservadas, salões enormes. A vestimenta dos atendentes é muito bonita. O negócio é tão imponente que cada pato criado por eles é catalogado. Eles cortam o pato na sua frente e lhe dão o certificado com o número de série do pato que você está comendo. O restaurante está aí desde 1864, servindo em torno de 2 milhões de patos por ano. É destino certo de vários chefes de estado em visitas oficiais.
Veja as fotos que tomei no restaurante. Sim, a comida estava maravilhosa, para variar.
Falando em salas reservadas, isso é algo que muito me chamou a atenção na China. Praticamente todos os restaurantes bons que fomos tinham salas reservadas para grupos. Geralmente a sala consiste em uma ou duas mesas redondas tradicionais, alguns sofás e TV com karaokê (claro). Em uma delas tinha até um tabuleiro de mahjong, jogo tradicionalíssimo na China (foto ao lado). Os atendentes servem a sala normalmente como se o grupo estivesse no salão principal. Muito interessante para grupos ou reuniões comerciais onde se precisa de alguma privacidade.
Depois do almoço de pato, fomos visitar outro lugar muito famoso mundialmente, a Praça da Paz Celestial (Tiananmen Square). É a maior praça do mundo, com incríveis 44 hectares. Na foto ao lado, atrás de mim está a foto de Mao Tsé-Tung, na parede que é a face sul da Cidade Proibida. A praça foi palco no passado de várias manifestações, a mais notável sendo os protestos de 1989, onde o exército abriu fogo contra os manifestantes, matando milhares deles. Hoje a praça é totalmente cercada e incrivelmente vigiada por várias câmeras de alta definição. O acesso é controlado através de detectores de metais.
Ficamos poucos tempo, o suficiente para tomar algumas fotos da praça.
No caminho para o aeroporto, paramos rapidamente para conhecer o magnífico Parque Olímpico de Beijing, onde foi sediado os jogos olímpicos de 2008. O lugar é muito legal e muito grande. O parque inteiro tem 8 km de extensão, tudo muito bem feito. A infra-estrutura do local foi tão bem feita que o parque é atendido por duas linhas de metrô.
Vimos pouco do local, mas já deu para ver claramente que os chineses receberam as olimpíadas em grande estilo. Veja o álbum de fotos do parque olímpico.
No caminho para o aeroporto, que fica a 20 km a nordeste do parque olímpico, vimos outra coisa muito importante para uma cidade desenvolvida: 20 km de linha expressa do aeroporto (Airport Expressway), toda elevada, 3 pistas para cada lado, ligando o terceiro anel rodoviário ao aeroporto diretamente, sem influência do tráfego da cidade. Não levamos nem meia hora para percorrer o caminho, isso tudo às 15h30 de uma quinta-feira normal.
E lá vamos nós receber uma copa do mundo com o super Aeroporto Internacional André Franco Montoro (ou Cumbica, ou Guarulhos) e uma excelente via expressa, também conhecida como a Marginal do Tietê. Em 8 horas, você voa de Miami até o aeroporto. Mais umas 3-4 horas, você chega no centro da cidade. Razoável… Para que metrô no aeroporto? O bonito é apreciar a paisagem.
Voamos de Hainan Airlines para Chengdu, na província de Sichuan. Na saída, fomos presenteados com uma belíssima vista da Grande Muralha se perdendo no horizonte. Uma pena que eu estava com a câmera guardada. De qualquer forma, a poluição de Beijing não permitiria uma foto bonita.
Falando em poluição, fomos muito alertados que a poluição em Beijing era insuportável e tal. Se nota muita poluição de fato, e é facilmente perceptível também nas fotos externas, mas em nenhum momento me atacou a garganta ou olhos, como eu poderia esperar. Voando se vê bem a grossa camada cinza que paira sobre a cidade. Dizem que melhorou muito depois das olimpíadas.
No próximo post, Chengdu.