Chengdu, a cidade do Panda

Cobrimos os 1560 km de distância em 2h34min de voo, pousando em Chengdu pouco antes das 20h. Uma coisa curiosa na China é que todo o país tem o mesmo fuso horário UTC+8. Geograficamente é um absurdo, mas politicamente facilita a vida. Chengdu está numa longitude 104 graus leste, logo deveria ter um fuso horário UTC+7. No extremo oeste do país o fuso deveria ser UTC+5. Logo, o pôr do sol nessas regiões pode passar das 22h no verão.

Chengdu fica bem no meio do país, embora eles considerem uma cidade do oeste. É uma das cidades mais prósperas do oeste, pois da mesma forma que Shenzhen, Chengdu está se tornando um grande polo industrial através de fortes incentivos do governo. Uma ótima estratégia para desenvolver o oeste pobre do país. A cidade está hoje com 11 milhões de habitantes, pelos números oficiais.

Imaginávamos não ver muito progresso em Chengdu como vimos em Shenzhen e Beijing, mas mais uma vez nos surpreendemos. Dos locais onde estivemos, Chengdu é de longe o local que está mais construindo. É assustador a quantidade de construções. Acho que em nenhum momento não se encontrava uma grua por perto. Bastava olhar para um lado ou outro, que rapidamente se via um prédio subindo. E muitos, muitos prédios em todo lado.

Isso é algo interessante na China. O país se esforça demais para otimizar a ocupação de espaço, pois está havendo um gigante êxodo rural nos últimos anos. Otimizar espaço em áreas urbanas significa construir para cima. Não tem mágica. E é o que se vê por todo lado. Condomínios com várias dezenas de torres iguais e cada torre com muitos apartamentos pequenos. Acho que eu não vi nenhum condomínio com menos de 10 torres iguais. Cada torre sempre maior que 20-30 andares. Certamente não é o melhor modelo de cidade para o conforto de seus habitantes, mas em um país com 1,4 bilhão deles, as regras são bem diferentes.

Ficamos apenas um dia em Chengdu, pois tínhamos apenas um compromisso na agenda, de visitar a sede mundial da Huawei Symantec, que fica numa zona industrial com uma série de outras mega empresas, muitas delas americanas, como IBM, Microsoft, Cisco, etc. A Dell deve abrir uma operação grande em Chengdu em breve.

A maior atração turística de Chengdu é o Panda Park, que reúne cerca de uma centena de ursos pandas. O panda é nativo dessa região, e é uma espécie ameaçada hoje em dia. Acredita-se que não existe mais de 3000 deles no mundo. O parque é muito interessante, sendo praticamente um zoológico de uma só espécie. Embora ele seja manso, não é permitido se aproximar muito, pois em algumas circunstâncias, eles podem se sentir ameaçados e atacar as pessoas. O bicho é tão preguiçoso que o parque se esforça ao máximo para procriá-los, mas é difícil, pois eles só querem saber de comer bambu e dormir. No vídeo a seguir dá para ter uma boa ideia disso:

Veja também o álbum de fotos do parque.

Do parque, fomos direto para o aeroporto, que fica do outro lado da cidade, ao sul. Como toda boa cidade, Chengdu possui uma estrutura muito boa de anéis rodoviários. Circulando um desses anéis, tudo o que se vê são construções, não somente prédios, mas também de infra-estrutura da cidade.

Decolamos de Chengdu às 20h24 direto para Shenzhen. Embora nosso destino essa noite era Hong Kong, voar para Shenzhen é muito mais barato, pois é um voo doméstico. Pousamos em Shenzhen, 1315 km a sudeste, exatamente 2 horas mais tarde.

No aeroporto, nos despedimos de nossos colegas chineses, Ruby, Bill e Cherry. Por mais estranho que possa parecer, os chineses precisam de visto para entrar em Hong Kong, e nossos amigos estavam com os seus visto expirados. Fica aqui meu imenso agradecimento aos três, que fizeram a nossa viagem ser uma experiência muito mais formidável do que seria se fôssemos apenas turistas passeando, sem compartilhar nada da cultura deles.

Haviam algumas vans nos esperando no aeroporto, que nos levaram até Hong Kong. Chegando na fronteira, a fila de carros para emigrar da China e imigrar em Hong Kong estava imensa. Os motoristas nos sugeriram fazer o processo a pé, que é mais rápido, e assim o fizemos. Como os motoristas são cidadãos de Hong Kong, eles passam rápido. Quando terminamos o processo todo, eles já estavam nos esperando do lado de Hong Kong.

Mais uma meia hora dirigindo e chegamos no nosso hotel, o Regal Kowloon Hotel, no distrito de Tsimshatsui, Kowloon.

Hong Kong merece seu próprio post, nos próximos dias…