Hong Kong, a New York do oriente

Quando pousamos em Hong Kong no primeiro dia da viagem já deu para perceber rapidamente o que é essa magnífica cidade. Não é por acaso que ela é considerada a Nova Iorque do oriente. É uma das principais cidades da Ásia, grande centro financeiro, um dos mais movimentados portos do mundo, com uma infraestrutura portuária invejável, e um grande destino turístico, principalmente para turistas atrás de boas compras.

O aeroporto é algo sem palavras. Hong Kong fica espremida em algumas ilhas e um pedaço de continente. Grande parte do território é montanhoso e é área de proteção ambiental. O antigo aeroporto Kai Tak, construído de 1925, estava entre os 10 aeroportos mais perigosos do mundo, com sua famosíssima aproximação visual em curva sobre centenas de edifícios. Simplesmente não havia terra para construir um aeroporto decente. Se não há terra, se faz terra. Uma ilha artificial foi construída e sobre ela um magnífico aeroporto, com mais de 12 km2 de área, duas excelentes pistas e dois terminais maravilhosos. O novo aeroporto abriu suas portas em 1998 e hoje transporta mais de 50 milhões de passageiros por ano com bastante tranquilidade.

Como não podia faltar, claro, o aeroporto é muito bem servido por uma linha exclusiva de trem expressa, que deixa você no coração da cidade em 24 minutos. Não bastando isso, na estação do centro da cidade (Hong Kong station) você pode despachar suas malas e fazer check-in com antecedência, caso queira ficar mais algumas horas pelo centro (fazendo compras, por exemplo). Pouco antes do voo, você toma o trem e pode ir direto para a sala de embarque. Genial!

Outra coisa que eu achei muito interessante é que se você pousa em Hong Kong apenas de trânsito para outro lugar próximo, não é necessário fazer imigração. É possível tomar um ferry boat antes do setor de imigração e ir para algumas cidades na China ou para Macau. Como nós fomos para Shenzhen de carro, tivemos que fazer imigração.

Não tínhamos nenhuma agenda oficial em Hong Kong, então era só turismo. Tínhamos até uma guia local, muito gente fina. Nosso primeiro passeio foi visitar o Buda Gigante, que fica na ilha Lantau, à oeste. Para chegar lá, se toma o Ngong Ping Cable Car, o bondinho mais genial que eu já vi, com 5,7 km de extensão. O caminho tem vistas deslumbrantes, incluindo uma bela vista do aeroporto. Dá para ter uma bela ideia no vídeo abaixo:

O passeio é muito bonito. Na verdade, o passeio é mais bonito que o Buda em si, que é legal e tal, mas em nada se compara com o Cristo Redentor no Rio de Janeiro. Clique nas imagens acima para ver o álbum completo.

O que todo mundo queria mais fazer em Hong Kong era compras, claro. Hong Kong é o paraíso mundial dos consumistas, pois você encontra qualquer coisa a preços americanos, porém com um detalhe crucial: Hong Kong não recolhe impostos sobre o comércio. Em New York City, qualquer coisa que você compra é acrescida é 9,25% de impostos. Diferentemente da China, onde é difícil comprar coisas, pois a falsificação é muito agressiva em tudo, em Hong Kong a coisa é muito mais séria. Para quem gosta de grifes, que não é o meu caso, encontra todas as lojas mais chiques do mundo.

Fomos no centrão de Kowloon, o distrito continental de Hong Kong, onde uma quantidade incrível de comércios se estendia por algumas quadras. A imagem inicial é exatamente o da rua 25 de março em São Paulo: muita gente, muito tudo. A “única” diferença era o padrão das lojas. Fui com a minha lista de compras pronta, então não perdi tempo com vitrines. Comprei um MacBook Pro 13″ Core i7 para mim, um iPhone 4 e um tablet Bamboo para a Luana e mais algumas coisas pequenas. O pessoal mais consumista (e brasileiro adora fazer compras no exterior) comprou MUITA coisa. Teve gente pedindo mãos emprestadas para carregar as sacolas.


À noite fomos num dos locais mais bonitos da cidade, o Victoria Peak, de onde se tem uma incrível vista da cidade abaixo. Jantamos num restaurante aí em cima. A comida estava boa, mas a vista estava tão melhor que se tivessem servido pipoca, ninguém se importaria muito. Clique nas imagens acima para ver o álbum completo.


Domingo foi nosso último dia nessa viagem. Acordei cedo para fazer o grande esforço de arrumar (e fechar) a mala (nunca grande o suficiente). O pessoal que estava pronto cedo foi com a van para o distrito de Stanley, um lugar muito despojado, ao sul da ilha principal. É uma espécie de balneário, com um ar muito diferente da metrópole vibrante que se encontra do outro lado da ilha. Eu fui sozinho de táxi e encontrei o pessoal lá para almoçar. Como todo mundo já estava meio de saco cheio do “traditional chinese food”, almoçamos em um restaurante alemão.

O mais interessante de Hong Kong é a sua cultura, pois não se pode dizer que é britânica nem tão pouco chinesa. O país nasceu na mão dos ingleses, mas 97% da população é de origem chinesa, então se formou uma mistura, uma terceira cultura na verdade, bem diferente. Faz muito pouco tempo que a China retomou o controle do território, e o processo de reintegração total deve durar pelo menos 50 anos.

À tardinha, fomos levados num shopping center chique, o Victoria Mall, bem diferente da loucura que era o centro de Kowloon. Como tinha ainda gente disposta a fazer mais compras, essa era a última oportunidade.

Saindo do shopping, do outro lado da rua tomamos um barco para ver o espetáculo A Symphony of Lights, que envolve 44 edifícios precisamente sincronizados variando sua iluminação, misturando laser, neon, LED, canhões, etc. Além disso, há uma transmissão via rádio de uma música sincronizada com as luzes. O espetáculo acontece diariamente às 20h00, com exceção aos dias de mau tempo, e dura 14 minutos. É muito bonito de ver, especialmente de um barco. Abaixo o vídeo que tomei:

Veja também o álbum de fotos.

Jantamos num restaurante italiano e daí fomos direto para o aeroporto. Rapidamente fizemos o check in na South African Airways e por muita sorte, conseguimos assentos nas saídas de emergência. Para um voo de 13 horas, isso foi uma maravilha. Decolamos as 0h15 para um looongo voo de 12h49min até Johannesburg, na África do Sul. Graças aos assentos de emergência, milagrosamente eu dormi as primeiras 9 horas direto. Nem vi a janta sendo servida.

No próximo post, um pouco de Johannesburg.

Esta viagem à Ásia foi uma experiência sem palavras. Foi muito interessante conviver um pouco com gente tão diferente. Não só uma questão de idioma, mas principalmente de cultura, valores, etc. Ver a China, que até pouco tempo atrás era um país tão fechado, hoje num progresso furioso, se inserindo como um grande player num mundo globalizado, foi bem bacana. Nota-se claramente que há muitos problemas por resolver, como em qualquer outro país no mundo, mas a China está apontando para um rumo que dificilmente vai dar errado: economia, educação e infraestrutura.

Foi muito pouco tempo lá para formar qualquer opinião. Mas uma coisa é certa: o ditado “a China vai dominar o mundo” faz bastante sentido. Eles não estão aí para brincadeira.