A oportunidade e o processo de contratação

Como eu falei no post em que anunciei nossa mudança para os EUA, eu sempre tive o sonho de viver no exterior, não necessariamente de forma permanente, embora eu também cogitasse essa possibilidade. Na mesma linha, eu sempre tive vontade de trabalhar com coisas de larga escala. Mesmo embora eu tenha trabalhado com alguns clientes grandes, eu nunca achei os desafios tão interessantes, com poucas exceções.

Em 2004, eu decidi por interromper por algum tempo a faculdade, porque eu estava viajando demais. Eu sempre fui um ótimo aluno e os professores realmente gostavam de mim, mas não tinha condições de conciliar os estudos com semanas a fio viajando. Eu estava rodando em matérias simplesmente por ausência. Hoje eu me arrependo muito de não ter terminado, não só pelo conhecimento, porque eu nunca parei de estudar, mas também pelo título. Em termos profissionais, o título não leva ninguém a lugar algum, com certas exceções, tipo concurso público, mas em termos de burocracia, o título é bem importante. Mais adiante explico por que.

Na virada de 2011 pra 2012, quando descobrimos que teríamos um filho, eu decidi que tinha chegado a hora pra considerar essa aventura de forma mais séria. No início de 2012 fomos pra São Paulo participar da Campus Party e logo em seguida viemos passar uns dias nos Estados Unidos de férias. Conversei com algumas pessoas nessas ocasiões sobre a possibilidade e fui muito encorajado a tentar.

Eu nunca tinha feito nenhum processo de seleção na vida e nem tinha um currículo escrito. Eu sempre recebia alguns e-mails de recrutadores perguntando sobre o meu interesse. Sempre respondi dizendo que não, mas nunca fechei a porta. Elenquei algumas empresas que eu achava interessante e dei uma pesquisada decente sobre as suas vagas naquele momento. Alguns amigos me convenceram que eu já tinha experiência suficiente pra tentar vaga nas melhores empresas do mundo. Na pior das hipóteses, eu seria negado, mas a lista de empresas buscando gente com meu perfil era enorme, então tinha muita oportunidade. Com um bom grau de esperança e pretensão, decidi começar pelas empresas que eu realmente gostaria de trabalhar: Facebook, Google, Twitter e Amazon. Podia parecer utopia, mas se eu não tentasse, eu nunca iria saber se eu atendia ou não o requisito.

O Google havia me contatado algumas vezes no passado, então apenas respondi um e-mail dizendo que eu estava considerando a hipótese e queria conversar mais a respeito. A recrutadora combinou um horário comigo enquanto eu estava em Michigan, nos EUA, visitando um amigo. Nessa ligação, eu senti fortemente o peso do fator psicológico. Como eu nunca tinha passado por isso, eu não sabia o que esperar. Batemos um papo bacana no telefone, ela me fez algumas perguntas bem simples de triagem, e aconteceu algo que eu jamais imaginaria acontecer. Branco! Sim, brochei no telefone. Respondi algumas coisas certas, mas dei umas respostas muito estúpidas também. Logo que eu desliguei o telefone, me caiu a ficha. Não demorou muito pra me responderem que talvez eu não estava bem qualificado pra vaga, bla bla bla. Muito deprimente.

Mais ou menos em paralelo, um amigo que trabalha na Amazon me indicou e uma amiga que estava recém entrando no Facebook também me indicou. Já sabendo mais ou menos o que esperar, recebi o primeiro contato da Amazon. A conversa correu tranquilamente e logo em seguida marcaram a primeira entrevista por telefone. A mesma coisa aconteceu com o Facebook. O recrutador me ligou, quando eu já estava de volta em Porto Alegre. Conversamos bastante no telefone, ele parece ter gostado bastante de mim e do meu perfil. Marcamos a primeira entrevista pra logo em seguida também.

Eu não tinha ninguém pra me indicar no Twitter, então mandei o currículo pelo site. No dia seguinte, uma empresa terceirizada respondeu dizendo que não tinham nenhuma vaga que combinasse bem com o meu currículo. Ficou claro pra mim que a empresa terceirizada não tinha a mínima noção de como contratar engenheiros. Achei muito estúpido do Twitter terceirizar algo tão importante. Espero que tenham melhorado nisso hoje em dia.

No Facebook, o recrutador me sugeriu fazer o processo para Production Engineer, que é um híbrido de software engineer com systems engineer. O forte da minha experiência era como systems engineer, mas eu também tinha uma boa experiência com desenvolvimento de software, então me pareceu uma vaga bem interessante. Minha experiência mais recente com desenvolvimento de software sempre foi com linguagens de programação de alto nível (Python, Perl, etc), então eu tinha medo de encarar um processo para software engineer, onde normalmente se espera um melhor conhecimento em programação de mais baixo nível (C, C++, etc). O recrutador me explicou que o requisito para Production Engineer em código era mais de alto nível mesmo, então não deveria ser um problema pra mim.

Veja mais detalhes sobre a vaga de Production Engineer no Facebook.

Depois do primeiro contato com o recrutador, eu fiz duas entrevistas por telefone, cada uma com 45 minutos de duração e em dias diferentes. A primeira entrevista foi de código, para testar minha habilidade em desenvolvimento de software. Usando o telefone e um editor de código colaborativo, onde o entrevistador podia interagir comigo, ele foi me pedindo para resolver alguns problemas. Minha auto avaliação é que eu podia ter ido melhor, mas eu resolvi os problemas. No dia seguinte o recrutador me ligou dizendo que eu faria a segunda entrevista e marcamos a hora.

A segunda entrevista foi sobre sistemas, especialmente Linux, que é um terreno que eu navego com muito mais facilidade. Na minha opinião, eu fui muito bem. Respondi rapidamente tudo o que me foi perguntado. No dia seguinte me ligaram dizendo que eu tinha de fato ido bem, mas que ainda não tinham decidido se eu faria uma terceira entrevista por telefone, ou iriam me levar para fazer as presenciais. Um ou dois dias depois ligaram dizendo que eu iria direto para as presenciais. Me deram a opção de fazer já na semana seguinte em Dublin, na Irlanda, ou esperar mais duas semanas e fazer em Menlo Park, nos EUA. Como eu estava com a Amazon em paralelo, decidi por fazer logo e escolhi Dublin. Também, eu não conhecia a Europa, então seria uma oportunidade bacana, mesmo que por apenas 2-3 dias.

Por razões de confidencialidade, naturalmente, não posso publicar o que foi perguntado.

A agência de viagens da empresa entrou em contato para acertar os detalhes da viagem. Tudo foi pago pelo Facebook. Acertamos que eu iria de British Airways, via Rio de Janeiro e Londres na vida, e via Londres e São Paulo na volta. Como a viagem era bem curta, foi apenas com bagagem de mão. A atendente do aeroporto não acreditou que eu estava indo pra Europa com uma malinha minúscula. 🙂

Meu voo tinha duas horas de conexão apenas no Heathrow e isso estava me deixando ansioso. Eu pedi para chegar lá um dia antes, pra ter um bom espaço em caso de algum atraso ou cancelamento. Felizmente, meu voo decolou no horário no Rio de Janeiro, num 777-200 brilhando. 11-12 horas depois pousei em Heathrow, no novo terminal 5. Lindíssimo de fato, mas não tinha ligação rápida com outros terminais. Meu voo pra Dublin saía do terminal 3 (eu acho), do outro lado do aeroporto. Entre verificação de passaporte, troca de terminal, uma caminhada infinita pra chegar no novo portão, quase perdi o voo. Londres – Dublin é apenas 450 km, então foi rapidinho, uns 45 minutos eu acho.

Peguei um táxi pro hotel e no caminho fui admirando a cidade e batendo um papo bem legal com a motorista, que dirigia do lado errado (direito) do carro. A cidade é bem bacaninha mesmo, com arquitetura antiga misturada com umas construções bem modernas. O clima é sempre horrível, cinza, garoa quase que constante. Deve ser por isso que há tantos pubs lá e a galera bebe mesmo.

No hotel, dei uma revisada nas minhas anotações e decidi que não ia ficar estudando. Isso só me deixaria mais nervoso e não iria agregar muito. Decidi relaxar e dar uma caminhada pelo centro da cidade. Tirando a garoa insistente, foi bem bacana. Jantei no hotel e dormi cedo, para descansar bem. Dublin estava a 4 horas a frente em relação a Porto Alegre, então foi bem difícil acordar cedo lá, meio da madrugada no Brasil.

Enfim, acordei bem cedo, tomei um café da manhã bem decente no hotel e fui caminhando até o prédio do Facebook. Cheguei uns 45 minutos antes, por precaução. Depois de ver bem onde era, fiquei caminhando na redondeza até chegar o horário de me apresentar na recepção. Me apresentei e logo uma recrutadora local me recebeu, super feliz. Ela me encaminhou até a sala e me instruiu sobre como seria o dia. Seriam 3 entrevistas de manhã, almoço com ela e mais 3 entrevistas de tarde.

Eu não lembro da ordem das entrevistas, mas os assuntos foram os seguintes:

Código: mais ou menos a mesma entrevista que eu tive por telefone. Os problemas eram um pouco mais complexos, porque por telefone é difícil explorar muita coisa. Não podia usar computador. Todo o problema tinha que ser resolvido no quadro branco, o que torna as coisas um pouco mais difícil ainda. Eu não acho que eu fui muito bem nessa entrevista, pois se gasta muito tempo escrevendo e a minha solução pro problema exposto me pareceu mais complexa que o necessário.

Sistemas (duas entrevistas): essas foram bem similares à entrevista por telefone, mas com bem mais detalhes. Uma foi mais teórica e a outra mais prática, focada na análise de um problema hipotético bem complexo. Eu acho que eu fui muito bem nas duas, principalmente porque era algo do meu dia a dia.

Redes: essa foi toda focada em rede. Como eu tinha descrito uma vasta experiência em redes corporativas no meu currículo, o entrevistador foi justo e resolveu se certificar se de fato eu era tudo aquilo. 🙂 Eu acho que eu fui super bem aqui. Toda a entrevista fluiu bastante bem e nunca me senti enquadrado.

Arquitetura: eu não esperava essa entrevista, mas foi super interessante. Basicamente, o propósito aqui foi testar a minha habilidade em arquitetar sistemas complexos em larga escala. Tudo bem hipotético, mas com uma boa dose de vida real. Eu acho que eu fui bastante bem aqui também, mas não tenho tanta segurança disso, pois é muito subjetivo. Eu tinha coordenado vários projetos grandes e complexos antes, então a entrevista não me assustou.

Cultural: essa entrevista foi para testar se eu me identificaria com a cultura da empresa. Eu acho uma entrevista extremamente importante. O Facebook, assim como várias outras empresas no Vale do Silício, é uma empresa muito hacker, e encoraja muito que todo o seu pessoal seja hacker e tenha a mente muito aberta. Não é todo mundo que se enquadra nisso, pois é uma questão de personalidade. Eu acho que eu fui super bem nessa entrevista, especialmente com todo o meu envolvimento com software livre e tal.

Eu achei que eu iria ficar um pouco nervoso durante as entrevistas, mas na verdade correu tudo bem naturalmente. A única entrevista que me deu um pouco de stress foi a de código, em parte pelo fato de usar o quadro branco e também por ser uma área que eu não era bem seguro, embora eu me virasse. Ainda assim, no final do dia eu estava demolido, como se eu tivesse corrido uma maratona. Me ofereceram um táxi pro hotel, mas preferi ir caminhando pra refrescar a alma. Pra variar, estava garoando claro.

Quando eu falo que eu acho que fui bem ou mal em cada entrevista é porque eu realmente não sei. O candidato apenas recebe o resultado final, aprovado ou rejeitado.

A minha impressão geral no final das entrevistas era de neutro pra positivo. Eu tinha consciência que eu não tinha cometido suicídio, mas eu não sabia exatamente qual era o grau de expectativa da empresa. Qualquer resposta que viesse me pareceria justa, mas eu estava com pensamento positivo.

Meu voo de volta só foi dia seguinte, então entrei em contato com um amigo meu que morava em Dublin e trabalhava no Google lá, para combinar algo. Almocei com ele no Google no meu dia da volta. Foi bem bacana conhecer os escritórios deles lá. Ambiente de trabalho muito legal.

Logo depois do almoço, fui bem cedo pro aeroporto para tentar um voo mais cedo pra Londres. Se desse certo, eu teria várias horas em Londres, podendo pegar o metrô e dar uma olhada no centro. Não rolou. Fiquei mofando no aeroporto por horas até a hora do meu voo. Pelo menos o aeroporto de Dublin é muito bonito e aconchegante. Decolamos no horário, mas enquanto eu estava na ar, uma tempestade fechou Heathrow. Ficamos fazendo várias órbitas à noroeste de Londres até que liberaram. O aeroporto fica à oeste da cidade e a aproximação foi sobre o centro para pousar para oeste. Fantástico! Não tive a oportunidade de ir por terra no coração da cidade, mas vi perfeitamente bem as principais atrações turísticas. Pousei 1h30min antes da decolagem pra São Paulo e ainda precisava fazer toda a confusão de trocar de terminais e tal. Fui a última pessoa a embarcar e já estavam gritando last call havia alguns minutos. Foi meu primeiro voo num 747-400 (jumbo). O avião era velho e barulhento, mas pra quem gosta de aviação, é um dos maiores ícones dos céus. Fiquei feliz em ter voado nele antes que vire história no futuro próximo.

Foi uma semana bastante ansiosa pra mim, obviamente. A resposta só veio na semana seguinte. É muito difícil você ficar esperando por uma resposta que pode mudar a sua vida do avesso. Pra uns, pode parecer apenas um emprego, mas na verdade era um emprego num dos lugares mais desejados do mundo todo, uma mudança de país, cultura, etc. Era muita coisa em jogo.

Na semana seguinte, o recrutador ligou para me comunicar o resultado. Primeiro ele perguntou sobre o que eu tinha achado das entrevistas e tal. Eu fui bem sincero e falei que eu achava que tinha ido bem, exceto na entrevista de código, que eu não estava muito seguro. Ele mencionou que a minha impressão batia com a impressão deles e que eu tinha sido aceito. 🙂 Conversamos um pouco sobre números e ele ficou de me ligar no dia seguinte com a oferta. No dia seguinte recebi a oferta, que estava dentro do que tínhamos conversado, então aceitei. Nos próximos dias, recebi uma pasta com vários documentos para assinar e formalizar a contratação. Quando comecei a assinar tudo que a ficha começou a cair que não tinha mais volta. Eu estava assinando uma mudança radical na minha vida.

O próximo passo depois da oferta aceita e o contrato assinado foi a solicitação do visto de trabalho. Visto para morar nos EUA é algo super complicado e muito burocrático. É praticamente impossível você viver legalmente nos EUA a menos que você se enquadre em categorias bastante específicas. No meu caso, o visto é o H1-B, que é um visto temporário de 3 anos, extensível por mais 3 anos. O visto é específico para trabalho altamente qualificado e só pode ser solicitado pela empresa caso ela prove para o governo que não há gente suficiente no país para preencher todas as vagas abertas. Para qualificar para esse visto, eu teria que ter concluído graduação de no mínimo 4 anos na área de ciência da computação. Como eu não me graduei, há uma exceção para quem tem mais de 12 anos de experiência comprovada na mesma área para onde se está sendo contratado. Eu comprovei 16 anos de experiência quase, então qualifiquei com folga. Fora do isso, existe uma cota de 85.000 vistos por ano, onde 20.000 são reservados para pessoas com pelo menos mestrado. Então no meu caso, são apenas 65.000 vistos por ano. Nos últimos anos, a cota sempre tem sido totalmente preenchida.

Essa foi a espera mais sofrível de todas. Meu pedido de visto foi enviado para o governo do meio de maio. Normalmente a espera para resposta é de 3 meses, mas pode ser mais quando há muitos pedidos de visto, como era o caso em 2012. A aprovação só foi sair no meio de setembro, 4 meses mais tarde. Com o documento de aprovação na mão, fomos no final de setembro ao consulado no Rio de Janeiro para de fato fazer a entrevista e colocar o visto nos passaportes. O Daniel já tinha nascido e foi conosco pro Rio. Ele tinha um mês apenas. Ficamos na casa de uns amigos que cuidaram dele enquanto estávamos resolvendo a burocracia do consulado.

De acordo com o meu contrato de trabalho, eu deveria começar a trabalhar em 8 de outubro, mas como o visto demorou muito pra ser aprovado, não daria tempo. A empresa foi bem tranquila com isso e adiou o meu início para duas semanas mais tarde, o que foi ótimo. Chegamos no país dia 11, com tempo suficiente para organizar nossas vidas antes de eu começar a trabalhar. Mais detalhes sobre isso no post anterior.

O visto H1-B é temporário, mas é um visto que permite a transição para o status de imigrante permanente, o famoso green card. O processo do green card é bem mais complicado. Comecei o nosso processo em 2013 e fomos aprovados, mas assim como o H1-B, há cota anual para o número de green cards emitidos para cada categoria. Na minha categoria, a EB-3 (employment based 3), a fila está em torno de 3-4 anos para cidadãos brasileiros. Nossa expectativa mais otimista é receber o green card em 2017. Pode adiantar e pode atrasar. Não temos controle algum sobre isso. 🙁 Aqui foi onde a minha falta de graduação me quebrou as pernas. Se eu tivesse me graduado, somando a graduação com mais 5 anos de experiência me qualificaria para a categoria EB-2, onde a fila de espera é de menos de um ano. Como nosso pedido de imigração permanente foi aprovado e só estamos pendente na cota, isso me dá o direito de renovar o H1-B pra sempre. Com isso, não há risco de sermos expulsos do país porque o visto temporário venceu. Quando recebermos o green card, nunca mais precisaremos renovar visto, o que facilita muito a vida. Porém, não podemos deixar os EUA por mais de 6 meses. Se decidirmos nos mudar pra outro país, o status de imigrante permanente será perdido. Com isso, provavelmente vamos ficar por aqui por tempo indeterminado.

Sobre a Amazon, eu fiz duas entrevistas por telefone. Fui incrivelmente bem nas duas. Como o cargo era pra engenharia de redes, as entrevistas foram sobre redes, uma área muito confortável pra mim. Quando eu fui liberado pra fazer as presenciais, eu interrompi o processo, pois já havia aceito a oferta do Facebook. Não seria justo eu fazer eles me levarem até Seattle se eu já tinha decidido por outra coisa.

Hoje em dia eu entrevisto várias pessoas por semana, normalmente para o mesmo cargo que eu fui entrevistado. É interessante estar do outro lado da mesa agora. O que mais me chamou atenção nesses processos é que eles são bem mais simples do que eu antecipava. Não vou mentir e dizer que é fácil, porque não é, mas se você tem bastante experiência na área, tem uma mente bem aberta e hacker, gosta de estudar e é auto didata, não é nada de outro mundo. Conversando com várias pessoas depois, algumas com bastante experiência até, eu vejo que é um sentimento comum achar que o processo de seleção de grandes empresas é algo intransponível. Sim, nós queremos contratar só os melhores, mas não é nada muito complicado estar entre eles, se você gosta do que faz.

Eu tenho uma expressão que é muito muito forte pra mim: há males que vêm pra bem. Não ter passado no Google me deixou bem triste e talvez eu não teria tentado outras oportunidades se eu não tivesse sido indicado. Hoje eu vejo que foi ótimo isso ter acontecido. Conheço muitas pessoas que trabalharam nas duas empresas e quase todas sempre afirmam que o ambiente de trabalho no Facebook é muito melhor. É injusto comparar diretamente, pois são empresas bastante diferentes em tamanho. Quando eu comecei, o Facebook tinha menos de 3 mil funcionários e o Google já tinha mais de 30 mil. Hoje temos mais de 7 mil funcionários no mundo e o Google anda pelos 40 mil, eu acho. Não tenho dúvida que trabalhar no Google seria uma experiência fantástica, mas ainda assim eu acho que acabei caindo numa opção ainda melhor.

Eu já ouvi as palavras sorte e oportunidade única sobre tudo isso. Eu discordo. Sorte é algo que você não tem nenhum controle sobre o resultado, como jogar na loteria, onde todos que jogaram têm exatamente a mesma chance. Oportunidade única é algo incorreto, pois a oportunidade é constante. Nós aqui, e inúmeras outras empresas no Vale do Silício, continuam contratando agressivamente no mundo inteiro. Se você tem as capacidades que eu descrevi acima, basta aplicar o participar do processo.

Numa próxima oportunidade, vou escrever como é meu dia a dia de trabalho. Nesses dois anos, recebi várias visitas no campus e todas as pessoas ficaram impressionadas com o ambiente de trabalho. Como já faz parte do meu dia a dia, eu já acho meio normal, mas de fato é muito bacana mesmo. Uma coisa é certa porém, não são apenas flores, como em qualquer outro trabalho no mundo. 😉