Lima, Peru

Cada vez que se chega em uma cidade pela primeira vez, sempre existem algumas coisas que nos chamam a atenção logo em seguida. Em Lima, a primeira coisa que observei foi a total desordem no trânsito. Tudo é a base da buzina. Os motoristas são completamente desesperados. Por qualquer coisa, se mete a mão na buzina. Como no Brasil, faixa de pedestre é meramente ornamental. Mas a coisa por aqui é bem mais perigosa. Não se atreva atravessar a rua sem antes se certificar que o caminho está seguro. O estranho é que a coisa funciona e não se vê acidente.

Outra coisa que chama bastante atenção é a frota. A grande maioria dos veículos (carros, utilitários, ônibus…) está caindo aos pedaços. No Peru, diferentemente que no Brasil, é permitido importar carros usados. Em vários outros países isso é bem comum também. O que se vê nas ruas do Peru é o que rodou alguns anos atrás na Coreia do Sul, principalmente. A importação de carros daquele país é massiva. O mais curioso é que até os ônibus são importados usados de lá. Manutenção é besteira. É difícil ver um carro muito inteiro. Andamos num táxi, que um dia foi batido e o air bag abriu, destruindo obviamente o volante. O volante foi colado com aquelas colas plásticas muito bagaceiramente. Os carros novos custam a metade do preço que no Brasil, mas o poder aquisitivo do povo é mais baixo. Além disso, o acesso ao crédito por aqui é bastante difícil, então o normal é comprar qualquer coisa usada importada, se pagando à vista.

Outro aspecto bastante interessante, ainda na questão viária, são os táxis. Tudo é extremamente informal, nada de taxímetro. A tarifa é negociada antes de entrar no carro, e o motorista pode, na cara de pau, não querer fazer a corrida, o que não é um problema, porque para onde você olha, sempre (repetindo, sempre) vem passando um táxi. Táxi é muito barato, então é um meio de transporte super comum. Com 10 soles (algo como R$ 6,00) você percorre um grande trajeto. Os motoristas de táxi são os campeões na desordem do trânsito. Param em qualquer lugar, trancam tudo, se jogam uns por cima dos outros disputando passageiros, uma zona… Os carros, obviamente, tudo quase se desmanchando. A maioria esmagadora dos táxi são os Daewoo Tico. Se você acha um Ford Ka pequeno, você nunca viu um Tico pela frente. Clique na foto ao lado e veja. O mais interessante é que são espaçosos por dentro, pois porta-malas é algo desnecessário. Ainda que seja meio bagunçado, é mais fácil, e muuuito mais barato, andar de táxi por aqui do que no Brasil.

Como chegamos em Lima próximo da hora do almoço (o fuso horário aqui é UTC-5), deixamos as tralhas no hotel e fomos almoçar na redondeza, em Miraflores. Aqui não existe a tradição de buffet do Brasil. Tudo é a la carte, o que é um desespero para mim, pois sou o rei da indecisão quando me deparo com um cardápio. Nada como se servir, pesar, comer, pagar e ir embora. Enfim, como o tradicional por Lima é comer peixe, pedi um peixe, claro. Logo que sentamos, o garçom já apareceu com uma bebida que me chamou a atenção. Se chama “chicha de maiz morada?, e é feita a base de milho. Extremamente tradicional no Peru e desconhecida no Brasil. Muito boa. Você toma um gole apenas e imediatamente já sabe que é feita de milho.

Depois do almoço, fomos para Círculo Militar, onde foi realizado o evento. O lugar era um pouco distante (veja no Google Maps). Levamos como uma meia hora de táxi, e nos custou apenas 10 soles. O CONEIS é um evento estudantil, que trouxe gente de 65 universidades de todo o país. O público era em torno de 2400 pessoas. A estrutura do evento era bem simples, com um grande auditório montado sob uma lona. Nada de exposição. Embora simples, a infra estava legal, com três bons projetores e uma boa sonorização. Havia também algumas outras atividades em paralelo, como oficinas práticas, mas não chegamos a visitar essas instalações.

Quando chegamos no evento, logo em seguida foi a sessão de abertura. Entre os que discursaram, estava o Ministro de Vivienda, Construcción y Saneamiento Enrique Cornejo (foto ao lado). Na sequência, seria a palestra do Corinto Meffe, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão do Brasil. Corinto teve problemas com sua viagem e não pôde comparecer ao evento. A palestra seria sobre o Portal de Software Público. Como Tatiana participa também desse projeto, ela o substituiu na palestra.

Como estrangeiro geralmente é celebridade em qualquer lugar, ao final da palestra da Tatiana, uma multidão se juntou para tirar fotos e dar um “hola?. Embora seja um pouco cansativo, e geralmente gera uma certa desordem no evento, é importante motivar essa gurizada a seguir em frente estudando. Essa era a nossa missão.

Mais fotos do evento no Gallery.

No dia seguinte, terça-feira, foi o dia da minha palestra. Ela estava marcada para meio-dia, mas como nesse dia choveu muito pela manhã, e o auditória era de lona, tiveram que atrasar todo o cronograma para evitar um possível desabamento da estrutura. Felizmente nada de errado ocorreu com a estrutura, mas minha palestra foi começar só às 18h15, após algumas mudanças na ordem das palestras. Eu achei até melhor assim, pois um ambiente escuro ajuda na projeção. A palestra foi sobre telefonia IP (VoIP). Como o público era de estudantes universitários de todos os níveis, toquei o assunto de uma forma mais introdutória, falando bastante de conceitos e da evolução na tecnologia telefônica. Falei bastante de Asterisk também e dei vários exemplos de funcionalidades possíveis.

Foi bem legal, a galera pareceu prestar bem atenção e vieram perguntas bem pertinentes no final. Da mesma forma, ao final da palestra, a galera se juntou para tirar fotos. Naturalmente o assédio foi menor que com a Tatiana. 🙂

Com todo o atraso da palestra, fomos até a Universidad Inca Garcilazo de la Vega, onde nós vamos dar outra palestra no próximo dia 20, para conhecer o local e almoçar com o pessoal que está organizando esse evento. Lá encontramos com Santiago e Evelin, e fomos a um restaurante para comer o tal cebiche, que é a comida mais famosa do Peru. Como eu adoro frutos do mar, naturalmente o cebiche me caiu muito bem. Publiquei algumas fotos dos pratos na galeria.

Novos posts por vir: alguns passeios em Lima, Cusco, Machu Picchu, Vale Sagrado dos Incas…

Já estou publicando, pouco a pouco, as fotos no Gallery.

Saludos.

Pelo Peru, finalmente

Depois de adiar algumas vezes, finalmente estou agora escrevendo do Majestoso Peru. Minha namorada Tatiana e eu fomos convidados para palestrar na 16ª edição do CONEIS (Congreso Nacional de Estudiantes de Ingeniería, Informática y Sistemas), que aconteceu em Lima, capital do Peru, nesta semana do dia 11 de agosto de 2008. O convite veio por intermédio do amigo peruano Daniel Yucra, que conheci em 2005 em um evento no Recife – PE.

A viagem foi mega correria. Minha irmã Liziane se graduou em Administração de Empresas e a festa de formatura foi um dia antes desta viagem. Sexta-feira à noite fui a Rio Grande de carro (310 km) para a formatura. Domingo saí de lá antes do almoço de regresso a Porto Alegre, de onde eu peguei o voo às 19h20 para São Paulo. A ideia era chegar em casa até umas 16h30 para dar tempo de fazer a mala com calma e organizar as coisas. Resulta que peguei trânsito na volta e cheguei em casa beirando 18h00. Em 20 minutos “organizei? tudo e me toquei pro aeroporto. A fila da Tam, pra variar, estava quilométrica. Pelo menos para algo serve ter cartão fidelidade vermelho, pois a fila é separada e raramente há alguém nela. Fui o último embarcar e o voo saiu exatamente no horário. Se eu tivesse chegado com folga no aeroporto, certamente o voo teria atrasado. Lei de Murphy.

Chegando no aeroporto em Guarulhos, fiz a declaração de saída temporária de bens na Receita Federal. Meu laptop já não precisa mais disso, pois está bem arranhado e com mais de dois anos no pau. Declarei a câmera, as lentes e o flash. Pra quem porta câmera fotográfica amadora (das pequenas), a Receita não exige mais declaração. Daí, fui para o hotel onde Tatiana já estava me esperando. Sono rápido, pois 6h00 da manhã já partimos de volta pro aeroporto. O voo para Lima estava marcado para às 8h25.

Los Andes
Los Andes

Nosso voo foi comprado na Tam, mas foi operado pela LAN Peru. Check in muito eficiente e tudo no horário. Voamos num Airbus A319 configurado em uma classe apenas. Me impressionou o conforto a bordo, especialmente em dias que as companhias estão transformando os aviões em ônibus apertados. O espaço entre as poltronas é excelente (e eu tenho 1,87m) e os assentos todos de couro. Eu já tinha voado essa rota São Paulo – Lima em 2006, indo para a Costa Rica. Foi o voo mais lindo que fiz na vida, e já sabia o que nos esperava. Sobrevoar a Cordilheira dos Andes é majestoso. Alguns picos chegam a uns 6 mil metros. Considerando que voamos a 34.000 pés (10.363 metros), a sensação que se tem é de estar voando muito baixo. Me impressionou ver o Lago Titicaca, fronteira Peru – Bolívia, com tão pouca água. Da outra vez fiz esse voo em fevereiro e ele estava muito cheio.

Como já era de se esperar nesta época, Lima estava com céu bem fechado. Quando se está voando pra Lima, a descida começa praticamente sobre Lima, pois a cordilheira vai muito alta até o Oceano Pacífico. Praticamente a gente despencou de 34 mil pés para a aproximação fazendo um grande círculo sobre o oceano até entrar na final da pista 15, dotada de ILS (pouso por instrumentos). Pousamos 15 minutos antes do previsto, após 4h40min de viagem. A primeira coisa que me chamou a atenção é que não foi usado reversores para desacelerar. Vários aeroportos no mundo estão proibindo o uso de reverso por causa do barulho. Claro que, isso é um luxo para aeroportos com pistas longas. Lima tem apenas uma pista, mas com 3500 metros e está 34 metros acima do nível do mar.

A imigração foi bastante rápida. Pegamos a bagagem, passamos tranquilo na aduana e ligamos para Daniel, que estaria nos esperando aí. Ele recém tinha aterrissado também, vindo de Cusco. Nos encontramos alguns minutos mais tarde e aguardamos o pessoal da organização do evento, que veio nos buscar de van. Em seguida chegou Stefani, da organização do evento, para nos buscar. Gente finíssima, boa anfitriã. Nos levaram direto para o hotel.

Ficamos hospedados no Hotel Suites Eucalipitus, melhor localização impossível, bem no coração de Miraflores, bairro mais famoso de Lima. Miraflores é um bairro bastante sofisticado, muito turístico, com centenas de lojas, restaurantes, bares e tudo mais para atrair visitantes. Veja no Google Maps onde ficamos.

Escrevo na sequência falando sobre o evento e o resto da viagem. Com o tempo, vou postando algumas fotos.

Saludos!

A cidade das mangueiras

Estive na última semana, pela primeira vez, no estado do Pará, para fazer um serviço em um cliente na capital Belém, conhecida como a Cidade das Mangueiras. Viagem rápida, indo quarta-feira e voltando no sábado. Praticamente não ia dar pra ver nem conhecer nada.

Chegando lá, entrei em contato com meu amigo Reinaldo. Saímos pra tomar um chopp na quinta-feira à noite e encontramos por acaso com uma amiga dele, Lucy e suas primas Claryce e Karlla. Já tinha companhia para os próximos dias. Todos estariam livres no sábado e surgiu a possibilidade de irmos visitar umas praias. Em função disso, remarquei minha volta para o domingo.

Mosqueiro, Belém
Mosqueiro, Belém

Sábado fomos visitar a ilha de Mosqueiro, que faz parte do município de Belém. Veja no Google Maps bem onde fica. Bastante interessante, com praias em todo o contorno da ilha, que é banhada em boa parte pela Baía de Marajó, que faz parte do Delta do Amazonas. É nessa região que o imenso Rio Amazonas se encontra com as águas do Oceano Atlântico. Como se pode observar no mapa, a região é cercada de ilhas e afluentes. Uma pena que não tive tempo para fazer algum passeio de barco.

Belém é a maior região metropolitana da Amazônia, com uma população total em torno de 2 milhões de habitantes (1,4 milhão no município). Embora seja uma cidade bastante grande, é apenas a 23ª cidade mais rica do Brasil, bastante atrás de Manaus, que ostenta a 7ª posição, graças ao pólo industrial. Mesmo assim, fiquei bastante contente em ver que a cidade está crescendo bastante. A construção civil está muito forte, e se houve falar muito disso por lá. Me chamou muito a atenção a altura dos edifícios. Uma construtora está em fase de acabamento de dois edifícios residenciais gêmeos de 40 andares cada, que vão ser as maiores torres da Amazônia. É bastante comum ver edifícios com mais de 30 andares. Com uma vista daquelas, não é de se admirar o porquê de tanta altura.

Moro há 7 anos em Porto Alegre, e desde muito antes que vim pra cá, escuto falarem da revitalização do cais do porto, que está abandonado. Uma área de uma vista lindíssima que poderia ser muito explorada para o lazer. Belém fez o dever de casa nessa parte. Criaram a Estação das Docas onde um dia foi o porto. Todos os armazéns foram restaurados, colocados paredes de vidro para os dois lados, e vários restaurantes e bares se instalaram por lá, algo que me lembrou bastante o Puerto Madero em Buenos Aires. Tudo foi feito com bastante elegância, simplicidade e segurança. E pelo jeito o povo aprovou, pois vive cheio.

Como não podia ser diferente, a culinária nessa região sempre impressiona, especialmente quem gosta de frutos do mar, como eu. Como peixe é luxo total no sul, aproveitei e almocei e jantei peixe todos os dias. Camarão lá tem por todo canto e feito de tudo quanto é jeito. Voltei certamente com uma overdose deles no organismo. Que me perdoem os Manauaras, mas em termos de culinária, Belém dá de dez a zero em Manaus.

Obviamente fiz várias fotos. Postei um álbum completo no meu Gallery e as melhores fotos no meu Flickr.

Voltei contente com a viagem. Além de ter cumprido a missão, fiz novas amizades bem legais e conheci um canto do Brasil que ainda não conhecia. Espero poder voltar em outra oportunidade.

Ooops, férias adiadas, de novo

Está difícil realmente de tirar férias. Conforme eu postei em fevereiro, a idéia era tirar férias agora no final de maio, depois da correria do FISL. Resulta que o FISL terminou e a correria no trabalho aumentou. A coisa andava meio calma de novos projetos no início do ano, porém várias coisas resolveram acontecer ao mesmo tempo, me mantendo bastante ocupado e viajando muito. Estou escrevendo agora de São Paulo, onde ainda fico toda esta próxima semana.

Também surgiu a oportunidade de palestrar no Peru em agosto, em um evento acadêmico em Lima. Se eu conseguir encaixar certinho na agenda, vai ser uma ótima oportunidade para conhecer mais gente por lá da comunidade de software livre. Em outubro devo ir a Caracas, Venezuela, para atender outro evento também na área.

Nos últimos meses tenho me dedicado bastante à fotografia, agora que estou com um equipamento decente (e sigo comprando coisas…). Estou publicando os trabalhos mais legais no meu Flickr, e depois pretendo postar algumas coisas sobre fotografia aqui também.

A partir deste ano, outro projeto antigo “sai do papel”. Vou finalmente fazer meu brevê de piloto privado através do Aeroclube de Porto Alegre (ARGS). Primeira etapa é apenas para mono-motor visual, depois sigo para IFR (vôo por instrumentos) e multi-motor. Devo parar por aí, pois não quero me tornar um piloto comercial. Não vejo isso como profissão, no meu caso.